Jerome Powell prevê que as subidas de juros continuem nos EUA, dado que o combate à inflação ainda não está ganho, mas começa a ver sinais de alívio na pressão nos preços, em linha com os mais recentes dados da inflação. O presidente da Reserva Federal reconhece que ainda há muito trabalho pela frente e mantém viva a esperança de um aperto monetário sem grandes consequências nefastas para a economia americana.
O líder da autoridade monetária dos EUA voltou a reforçar esta quarta-feira o compromisso da Fed com a descida da inflação, de acordo com o seu mandato e tal como tem repetido em ocasiões semelhantes recentes. Powell falava aos jornalistas após o anúncio de nova subida dos juros na maior economia do mundo, desta feita de 25 pontos base (p.b.), a oitava subida seguida.
“Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém”, afirmou, reconhecendo, porém, que o país começa a entrar “na fase inicial” de um processo desinflacionista.
Para Powell, os sinais desta descida da inflação começam a ser notórios pela primeira vez desde o início da pressão nos preços, especialmente do lado dos bens, por oposição ao sector dos serviços. Assim, a inflação subjacente continua a preocupar e irá continuar a ser um foco dos decisores americanos.
“Seria prematuro declarar já vitória” contra a inflação, reconheceu Powell, pelo que a expectativa é que haja ainda “mais um par de subidas até chegarmos a território suficientemente restritivo” para condicionar a procura e, por conseguinte, conter a pressão nos preços. Ainda assim, cortes de juros em 2023 não serão uma expectativa razoável dos investidores, ressalvou.
Com a atenção dos investidores cada vez mais virada para o pico do processo de subida de juros, o presidente da Fed admitiu ainda que a taxa terminal fique abaixo dos 5%. Atualmente, o mercado estima que uma nova subida de 25 p.b. em março tenha uma probabilidade de 85,6%, o que colocaria o limite superior da taxa de referência nos 5%. Nas mais recentes previsões da Fed, a mediana das projeções dos membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FMOC) foi de 5,1%.
A ‘aterragem suave’ da economia americana continua em cima da mesa, especialmente depois dos mais recentes dados quanto ao crescimento, que chegou aos 2,9% em termos anualizados no último trimestre de 2022. O próprio comunicado da Fed reconheceu que o crescimento este ano deve ser tímido, mas o cenário base passa por valores positivos para o indicador, rematou Powell.