Estados Unidos preparam sanções contra a Turquia por causa dos mísseis russos S-400

A câmara baixa do Congresso norte-americano aprovou por 335 votos a favor e 78 contra um projeto de lei para a imposição de sanções à Turquia por causa de este país ter comprado e instalado o sistema de defesa russo S-400.

O projeto exige a imposição de sanções no prazo de até 30 dias após a aprovação da legislação – que exige sanções a “todas as pessoas que conscientemente se envolveram na aquisição do sistema de defesa aérea S-400” pela Turquia.

O projeto terá de transitar para o Senado, a câmara alta do Congresso, e terá de ser aprovado pelo presidente. Donald Trump já disse que vetará o projeto.

Comentando o projeto de lei, o porta-voz presidencial da Turquia, Ibrahim Kalın, disse nesta quarta-feira, citado pelos jornais locais, que penalizar a Turquia pela compra do sistema russo S-400 é contraproducente. E acrescentou que a Turquia antevê o estreitamento das relações entre Ancara e o novo presidente norte-americano, Joe Biden.

Os laços entre a Turquia e os Estados Unidos, aliados da NATO, ficaram tensos no ano passado com a aquisição do avançado sistema de defesa aérea russo S-400 por Ancara, o que levou Washington a remover a Turquia de seu programa de jatos F-35 Lightning II.

Os Estados Unidos argumentaram que o sistema poderia ser usado pela Rússia para obter secretamente detalhes confidenciais dos jatos Lockheed Martin F-35. Além disso o S-400 é incompatível com os sistemas da NATO, mas a Turquia insiste que o S-400 existirá como um sistema autónomo.

O projeto da Câmara dos Representantes pede que Trump imponha sanções no âmbito da Lei de Combate aos Adversários da América por meio de Sanções (CAATSA), que Trump assinou em 2017, e que determina que o presidente escolha cinco entre uma série de 12 sanções, desde a proibição de vistos e a negação do acesso ao Export-Import Bank até opções mais duras, como impedir o acesso ao sistema financeiro norte-americano ou negar licenças de exportação.

Ancara e Washington chegaram a negociar a compra de mísseis Patriot dos Estados Unidos, por parte da Turquia, mas o presidente Recep Erdogan disse que a aquisição só se faria se, como contrapartida, a compra incluísse transferência de tecnologia e produção conjunta – o que a Casa Branca, como é evidente, considerou impossível.

Mas Ancara passou a repetir que foi esta recusa norte-americana em vender os Patriots que levou a Turquia a procurar outros vendedores, tendo acabado por escolher a Rússia, que ofereceu um melhor negócio, que inclui a transferência de tecnologia.