Europa chama países muçulmanos para a luta contra o terrorismo

A reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros europeus já estava agendada há algum tempo, mas os recentes atentados em Paris vieram, de alguma forma, virar os holofotes para as concluões deste encontro. E, mais do que nunca, em cima da mesa esteve a necessidade de reforçar a cooperação com países muçulmanos para combater a crescente […]

A reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros europeus já estava agendada há algum tempo, mas os recentes atentados em Paris vieram, de alguma forma, virar os holofotes para as concluões deste encontro. E, mais do que nunca, em cima da mesa esteve a necessidade de reforçar a cooperação com países muçulmanos para combater a crescente ameaça de ataques terroristas ao Velho Continente.

Enquanto tropas belgas patrulhavam as ruas, a atenção dos representantes dos 28 Estados-membros estava voltada para a discussão de formas para evitar que os cidadãos europeus, oriundos da Síria ou do Iraque, regressem à Europa. Assim, em Bruxelas, os ministros deixaram clara a posição de defesa de um maior intercâmbio com países do Médio Oriente Médio e do Norte da África, além da Turquia, a fim de intensificar a troca de informação.

O objetivo destas conversações foi o estabelecer “um maior intercâmbio com Estados do mundo muçulmano”, frisou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Já o homólogo belga, Didier Reynders, defendeu uma maior troca de informações sobre jihadistas identificados que podem tentar entrar na Europa.

De acordo com estimativas da Europol (agência policial europeia), entre três a cinco mil europeus viajaram para a Síria ou o Iraque com o objetivo de integrarem as fileiras jihadistas. Na verdade, por possuírem experiência de combate e estarem preparados para cometer atentados, são vistos pelas autoridades europeias como uma ameaça. Por seu turno, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, salientou que a cooperação com países árabes precisa ser fortalecida: “o terrorismo está a espalhar-se por muitas partes do mundo,  principalmente em países muçulmanos. Precisamos trocar mais informações e trabalhar em conjunto”.

Um dos caminhos em destaque nesta reunião prende-se com a necessidade de trocar informações e dados sobre os passageiros. Nesse sentido, pela voz de Reynders, foi feito um pedido ao Parlamento Europeu no sentido de que este aprove uma controversa proposta de partilha de  dados de passageiros aéreos entre países europeus.

Uma opinião que o homólogo britânico, Philip Hammond, segue e por isso, na mesma linha, veio exigir “medidas específicas que ajudem a garantir a nossa segurança”, incluindo ter acesso ao registo de dados dos passageiros. Esta proposta vem sendo discutida há já alguns anos e foi, desta feita, vetada pelo Parlamento Europeu, imperando, assim, as ponderações sobre as questões básicas da privacidade.

O ministro holandês, Bert Koenders, por sua vez, pediu que seja dada maior atenção ao financiamento dos grupos terroristas. “Precisamos de secar as fontes de financiamento”, frisou.

EUROPA MANTÉM ALERTA MÁXIMO
A Bélgica continua a procurar o mentor de célula jihadista, Abdelhamid Abaaoud, um homem de 27 anos e de origem marroquina, e as atenções viram-se agora para um suspeito preso na Grécia que poderá fornecer novas pistas. Receando novos ataques, as agendadas  manifestações anti-islamização na Alemanha e em França foram suspensas. As autoridades belgas anunciaram que pedirão a extradição de um suspeito preso em Atenas, no sábado passado, “que poderia estar ligado” à célula jihadista na Bélgica, tendo ainda decido reforçar a segurança e, por isso, colocou aproximadamente 150 militares em pontos considerados estratégicos.

Por seu turno, a polícia alemã proibiu a marcha do movimento “Pegida” e outras manifestações previstas para ontem, em Dresden, alegando existir uma “ameaça concreta” de ataque.

Sónia Bexiga

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