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Europa pode avançar para uma solução ‘à Durão Barroso’

Possibilidade de Manfred Weber ser o próximo presidente da Comissão Europeia está a esbater-se. A hipótese de avançar um ‘outsider’ consensual – como era o então primeiro-ministro português em 2004 – pode estar em cima da mesa.
30 Maio 2019, 07h40

O impasse entre a França e a Alemanha em torno do nome que deverá ser chamado a liderar a próxima Comissão Europeia bloqueou para já um consenso entre os 27 – isso mesmo foi avançado por Donald Tusk, ainda presidente do Conselho Europeu, nesta quarta-feira – e uma das hipóteses que está em cima da mesa é uma tentativa de consenso entre o PPE de Merkel (e do PSD e CDS) e o bloco PSE (do PS)-ALDE (de Macron).

Macron não quer Manfred Weber na presidência da Comissão, desfazendo com isso o consenso tradicional (chamado Spitzenkandidat, segundo o qual o candidato da família mais votada era automaticamente presidente daquele órgão) mas nunca escrito com a força de lei. Não se sabe se Macron avançou com uma alternativa, mas, se sim, não foi aceite pelo PPE, dado que o impasse se mantém.

Para o embaixador Francisco Seixas da Costa, a hipótese Michel Barnier (ex-comissão dos Assuntos Internos e negociador-chefe do Brexit por Bruxelas) continua em aberto. “Trabalhei com ele anos seguidos e conheço-o bem”, disse ao JE. Seixas da Costa afirma que Barnier tem um postura de alguma inflexibilidade face aos assuntos que domina, mas que “isso foi-se esbatendo com a sua postura nas negociações do Brexit, que lhe deram grande popularidade”.

Mas não, pelo menos para já, a suficiente. Quanto a uma solução ‘à Durão Barroso’, os nomes são, por definição, insondáveis – de contrário, não preencheriam o requisito fundamental, de ser alguém que não está na primeira linha (nem na segunda) das escolhas.

De qualquer modo, é cada vez mais improvável que o próximo presidente da Comissão seja consensual entre as duas maiores famílias europeias.

Mesmo assim, as contas são fáceis de fazer – para um universo de 751 lugares, onde a maioria chega aos 376: o bloco socialista e ‘macronista’ somam 258 lugares; se acrescentados os Verdes, passam a 327; se somados os comunistas e socialistas radicais, chegam aos 365. Do outro lado, o PPE tem 179 lugares; se somar os reformistas, passam a 242; se, contra tudo o que foi dito, acrescentarem a extrema-direita (58 ENL e 54 EFDD, 112), chegam aos 354. Por nenhum dos lados a ‘coisa’ chega aos famigerados 376. Acrescente-se que há ainda que contar com 8 não inscritos e 24 lugares para ‘outros partidos’ (segundo a designação oficial).

Estes 24 (mais os 8) formariam maioria com qualquer um dos dois blocos – estará aí a chave da solução, mesmo que seja para uma decisão ‘à Durão Barroso’? Ninguém sabe – é que, se as contas são simples de fazer, a política complica tudo. De qualquer modo, a vontade de Tusk, que era a de ter tudo resolvido no final da primeira ronda de negociações, já não será cumprida. Aguardam-se os próximos capítulos.

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