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Europeias: Partidos do “arco da governação” minoritários em pelo menos seis países

Itália e Reino Unido deverão enviar os maiores contingentes de eurocéticos para o Parlamento Europeu, mas também a Polónia não se deixa convencer por PPE, S&D e ALDE e o equilíbrio é nota dominante em França e na Alemanha. Península Ibérica é exceção à tendência que vai alterar paisagem de Estrasburgo.
13 Maio 2019, 07h45

A ponderação das mais recentes sondagens nacionais às eleições para o Parlamento Europeu que terão lugar a 26 de maio indica que as formações políticas filiadas no Partido Popular Europeu (PPE), na Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) e na Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE) elegerão menos eurodeputados do que as restantes forças em pelo menos seis países da União Europeia, ainda que a ascensão de forças populistas possa ainda vir a aumentar esse número.

Os três grupos políticos que representam historicamente o “arco da governação” em Estrasburgo, empenhando-se no processo de integração europeia, continuarão a deter a maioria no Parlamento Europeu (provavelmente acompanhados por um novo grupo centrista criado por iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron, com forças vindas da S&D, incluindo o Partido Democrático italiano, e da ALDE) mas verão o seu peso reduzido devido ao enorme contingente de eurocéticos provenientes do Atlântico ao Báltico.

À cabeça dos países da União Europeia mais dispostos a optar por candidatos alheios ao PPE, S&D e ALDE encontra-se a Itália, com as sondagens a apontarem para apenas 25 eurodeputados comprometidos com o projeto europeu, contra uma maioria esmagadora de 48 eurocéticos e reticentes, eleitos sobretudo pelos partidos da coligação que está no poder em Roma: a Liga, do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, e o Movimento Cinco Estrelas, bem como o muito conservador Irmãos de Itália.

Tão escasso entusiasmo por Bruxelas só se encontra, ainda que por motivos mais naturais, no Reino Unido, cujos eurodeputados estarão a prazo, devido ao processo da saída da União Europeia. Sem surpresas, os europeístas deverão ser apenas 26, contra 47 eurocéticos, ainda que esse número esteja inflacionado por o Partido Conservador de Theresa May integrar os Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), que reúne formações políticas ligadas pelo antifederalismo. Certo é que o previsível sucesso do Partido do Brexit do UKIP marcarão a delegação britânica.

Entre os principais países da União Europeu também se antevê uma maioria eurocética na Polónia, com apenas 20 parlamentares comprometidos com a integração europeia (quase todos do Fórum Cívico, de centro-direita, que têm entre os históricos o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk) contra 31 que torcem o nariz a Bruxelas. Entre estes dominarão os conservadores do Partido Lei e Justiça, que se encontra no poder em Varsóvia e é a maior força do grupo ECR.

Também na Europa de Leste estão outros dois países que não deverão eleger uma maioria de eurodeputados do PPE, S&D e ALDE: muito provavelmente a República Checa (10/11) e certamente a Eslováquia (4/9), cujos eleitorados são propensos a encontrar soluções mais à direita e também (em menor grau) mais à esquerda. E a lista dos seis países encerra com a Holanda (12/14), onde a soma de extrema-direita, conservadores, ecologistas e extrema-esquerda supera a do “arco da governação” apesar do bom resultado dos liberais.

Outras grandes incógnitas

Mas pode não ficar por aqui a vaga de recusa aos tradicionais líderes do Parlamento Europeu. Mesmo no eixo Paris-Berlim nem tudo são rosas para as forças europeístas. Sobretudo na França, onde as sondagens apontam para um quase equilíbrio entre 38 eleitos da ALDE (ou do novo grupo a criar), do PPE e da S&D e 36 dos restantes grupos. Nesses últimos destaca-se a Reunião Nacional, da líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen, que disputa a vitória taco a taco com a República em Movimento de Emmanuel Macron, mas também existe um forte peso do voto muito mais à esquerda, sobretudo na França Insubmissa.

E mesmo a Alemanha não escapa à tendência, apesar da força da CDU/CSU, do SPD e do FDP. Todos juntos poderão não ir além dos 54 eurodeputados, pouco acima dos 42 que podem ser eleitos pela extrema-direita da Alternativa para a Alemanha, pelos pós-comunistas de A Esquerda e sobretudo dos Verdes, que não param de subir nas intenções de voto.

Também pouco favorável ao “arco da governação” será, a confirmarem-se as sondagens. a correlação de eleitos na Bélgica (11/10), Finlândia (7/6) e Lituânia (6/5). E a estes países poderá juntar-se à Hungria caso o PPE avance para a expulsão do Fidesz, liderado pelo polémico primeiro-ministro Viktor Orbán.

No extremo oposto encontram-se os países da Península Ibérica. A Espanha deverá contribuir com 37 deputados para a S&D, o PPE e a ALDE (ou para o grupo de Macron), graças aos resultados eleitorais de PSOE, Partido Popular e Ciudadanos, contra apenas 17 para os outros grupos, nomeadamente para a Esquerda Unida Europeia (GUE), tendo em conta a votação da coligação Unidas Podemos, que terá um peso nesse grupo de esquerda só comparável ao da França, da Alemanha e da Grécia (devido ao Syriza). E, claro está, Portugal, que tenderá a contribuir com 17 eleitos para o PPE (onde têm assento os eleitos pelo PSD e pelo CDS-PP) e para a S&D, na qual o PS poderá só ficar aquém dos alemães, dos espanhóis, dos italianos (se o Partido Democrata não optar pela saída) e pelos romenos. Os restantes quatro serão, segundo as sondagens, divididos por comunistas e bloquistas, ambos integrados na GUE.

 

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