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Evereste do oceano. “Se algum dia acontecer o Santo Graal do surf, será na Nazaré”, dizem britânicos

“Se algum dia, alguém conquistar uma onda de 30,48 metros – o Santo Graal do surf – acontecerá, quase certamente, na Nazaré”, escreve o jornalista do jornal “The Guardian” após entrar no mar da Praia do Norte, com recurso a mota de água para sentir a força do íman do surf.
  • Rafael Marchante/Reuters
3 Agosto 2020, 12h03

Desde que Garrett McNamara surfou a maior onda de sempre em Portugal, que a vila piscatória da Nazaré está em destaque em diversos jornais e revistas internacionais. Agora, o “The Guardian” foi à Nazaré perceber como as ondas gigantes da vila se tornaram um íman para a comunidade surfista mundial, dando mais vida à comunidade e à economia local.

“Mais pesadas, mais poderosas, menos previsíveis, e de alguma forma ameaçadoras”, descreve o “The Guardian” com base nas palavras de quem consegue chegar às ondas que, por vezes, ultrapassam o farol que ‘olha’ de frente para o mar.

McNamara “montou uma onda monstruosa” de 23,77 metros em 2011, cerca de um ano depois de ter conhecido a zona da Nazaré, até à data desconhecida no circuito dos surfistas que procuram as ondas gigantes. Só em 2017, Rodrigo Koxa ultrapassou a marca de McNamara, erguendo-se numa onda de 24,38 metros.

“Se algum dia, alguém conquistar uma onda de 30,48 metros – o Santo Graal do surf – acontecerá, quase certamente, na Nazaré”, escreve o jornalista do jornal britânico após entrar no mar da Praia do Norte, com recurso a mota de água para sentir a força do íman do surf.

No entanto, não só de sucessos vivem as ondas gigantes. Muitos foram os acidentes de quem se aventurou no mar da Praia do Norte, como a surfista Maya Gabeira, que quase se afogou em 2013 numa onda com 21 metros de altura. Cinco anos após o acidente, Gabeira colocou o recorde feminino em 20,80 metros de altura. Mas também os surfistas portugueses se aventuram nas ondas. Alex Botelho perdeu os sentidos numa das ondas, enquanto Hugo Vau teve uma fratura exposta na perda.

É Garrett McNamara quem descreve o mar da Nazaré como o “Evereste do oceano”, mas até que o surfista havaiano chegasse a Portugal foi preciso alguma persistência através de trocas de e-mail. A primeira vez que McNamara ouviu o nome Nazaré foi em 2005, através de Dino Casimiro, professor de desporto e bodyboarder, mas só em 2010 é que o surfista se aventurou em visitar Portugal e a zona que gerou tanta conversa ao longo de cinco anos.

“Procurava a onda de 30,48 metros há cerca de 10 anos e, quando cheguei à ponta [do farol] no primeiro dia, eu vi-a ”, relembra o havaiano ao “The Guardian”. “O Santo Graal! No primeiro dia, percebi o que encontramos. Encontrei o que procurei durante toda a minha carreira”, apontou McNamara à publicação.

No dia em que esteve perante a maior onda da sua carreira e quebrou o recorde mundial, McNamara agradece o facto de ter sido o primeiro a fazê-lo. “Foi como pisar a lua. O Evereste do oceano aqui mesmo [Nazaré]”.

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