Dois antigos administradores do BES e do Novo Banco, Jorge Martins e João Freixa, disseram hoje acreditar até julho do ano passado no reembolso do papel comercial adquirido por clientes aos balcões do banco.
“Foi sempre posição dos signatários que os emitentes e a ESFG [Espírito Santo Financial Group], enquanto garante das emissões a partir de fevereiro de 2014, deveriam liquidar no vencimento o papel comercial colocado em investidores não qualificados clientes do BES. Até ao final de julho de 2014 foi sempre convicção (…) de que assim sucederia”, revelaram Jorge Martins e João Freixa na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
Os dois antigos altos quadros do BES, que chegaram a transitar para o Novo Banco, estão a ser ouvidos pelos deputados em simultâneo, algo que acontece pela primeira vez nesta comissão, e iniciaram a sua presença no parlamento com uma declaração inicial de cerca de 20 minutos.
No que refere à questão do papel comercial, que tem estado em destaque através das várias queixas de clientes lesados, os antigos administradores dizem ser sua convicção que é necessário encontrar uma solução “no estrito cumprimento das determinações dos reguladores, incluindo a preservação do rácio mínimo de capital” do Novo Banco.
“Face aos incumprimentos, em julho, dos emitentes e da ESFG, o BES articulou com o regulador a procura de soluções para assegurar o reembolso dos referidos clientes na maturidade dos títulos”, sublinharam, acrescentando que a administração do Novo Banco procurou também cumprir tal desígnio.
E acrescentaram: “A colocação de papel comercial da Espírito Santo International (ESI) foi feita com informação prestada pelo emitente que só em dezembro de 2013 se soube ser incorreta e foi esta circunstância que determinou o elevado montante das provisões para risco reputacional que o BES constituiu”.
A comissão de inquérito, que esta manhã ouviu o antigo administrador financeiro da ‘holding’ Rioforte, Gonçalo Cadete, teve a primeira audição a 17 de novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, que foi prolongado por mais 60 dias.
Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.
OJE/Lusa