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Ex-juíza Joana Salinas critica Ordem dos Advogados no mural de José Sócrates

A Ordem dos Advogados repudiou a transmissão das imagens dos interrogatórios a arguidos da “Operação Marquês” e Sócrates partilhou essa notícia. “Afinal há Ordem dos Advogados, pensei que estava extinta”, comentou Salinas, ex-juíza condenada por peculato.
26 Abril 2018, 07h12

Na página oficial que criou na rede social “Facebook”, o antigo primeiro-ministro José Sócrates partilhou, no dia 18 de abril, a ligação para um artigo do “Diário de Notícias” com o seguinte título: “Divulgação de vídeos de interrogatórios ‘abala os fundamentos do Estado de direito democrático'”. Nesse artigo noticia-se que “a Ordem dos Advogados vem, em comunicado, repudiar a publicação das imagens dos interrogatórios a arguidos da ‘Operação Marquês’, entre os quais o ex-primeiro-ministro José Sócrates”.

“O procedimento utilizado não constitui apenas uma violação da lei processual penal vigente. Ele viola flagrantemente os direitos, liberdades e garantias constitucionalmente protegidos dos Arguidos, contribui para julgamentos populares totalmente desaconselháveis em sociedades democráticas saudáveis, ausentes de um contraditório capaz de formar uma opinião crítica, antes potencia a conflitualidade social em prejuízo da paz desejada, e abala os fundamentos do Estado de direito democrático’, sublinha em comunicado o bastonário da Ordem dos Advogados, Guilherme Figueiredo e a Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo penalista Paulo Saragoça da Mata”, informa o mesmo artigo.

Na referida publicação de Sócrates, entre as dezenas de comentários destaca-se um de Joana Salinas, ex-juíza desembargadora do Tribunal da Relação do Porto que escreveu o seguinte: “Afinal há Ordem dos Advogados, pensei que estava extinta, tantos advogados a serem perseguidos, buscados, enxovalhados, pressionados na sua liberdade e obrigação de defesa dos cidadãos e a Ordem dos Advogados fica sempre caladinha!”

Recorde-se que, em janeiro de 2016, Salinas foi condenada no Supremo Tribunal de Justiça a dois anos e meio de prisão (com pena suspensa) e obrigada a entregar 5.500 euros à Cáritas do Porto, depois de ter ficado provado que usava dinheiro da Cruz Vermelha em pagamentos a advogados para lhe redigirem os acórdãos que proferia no Tribunal da Relação do Porto (TRP). Nesse processo, Salinas foi defendida por João Araújo, um dos advogados de Sócrates no âmbito da “Operação Marquês”.

Mesmo depois de ter sido condenada (e demitida do TRP), Salinas continuou a liderar as delegações da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) no Porto e em Matosinhos até fevereiro de 2018, quando foi afastada pelo novo presidente da CVP, Francisco George.

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