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Ex-ministra da Educação e comissária do PNL criticam metas curriculares de Nuno Crato

Isabel Alçada Teresa Calçada manifestaram-se esta terça-feira contra as metas curriculares criadas pelo ex-governante Nuno Crato.
11 Abril 2017, 09h09

A ex-ministra da Educação Isabel Alçada e a comissária do Plano Nacional de Leitura, Teresa Calçada, manifestaram-se esta terça-feira contra as metas curriculares criadas pelo ex-governante Nuno Crato, considerando-as um retrocesso, que condiciona o trabalho do professor. “Quem deve escolher o que se lê com as crianças são as pessoas que as conhecem. Não tem de haver uma lista de livros como acontece agora”, disse à agência Lusa a autora, que vai falar sobre a importância da literatura infantojuvenil no 12.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português (APP).

Os professores e os pais devem ter o papel primordial na relação que as crianças vão ter com os livros: “Gerar empatia entre o leitor e o texto induz o desejo de repetir aquela experiência”, defendeu. Isabel Alçada frisou a diferença entre as metas – que “levam o professor a sentir-se obrigado a seguir conteúdos de meia de dúzia de obras” que podem constar em provas universais – e o Plano Nacional de Leitura (PNL).

“O PNL são extensas listas indicativas de livros, adequados para cada etapa, que os professores são convidados a escolher”, disse, acrescentando: “O cânone aplicado à escola é uma coisa profundamente errada”. Sublinhando que não basta a aprendizagem, mas sim um exercício continuado da leitura, Alçada afirmou que o envolvimento com os livros passa por levar as crianças a livrarias e outros locais onde possam ter o prazer de escolher um livro para ler. “Se a experiência não é desejada não vai funcionar”.

Na mesma sessão, estará a comissária do Plano Nacional de Leitura, Teresa Calçada, para quem as metas curriculares nesta área “condicionam tanto” que se vira “o feitiço contra o feiticeiro”. Teresa Calçada sustentou que a comunicação social tem também uma responsabilidade, devendo criar páginas que as crianças possam ler e esperar, com entusiasmo, pela publicação de mais uma história. “Como ninguém nasce ensinado, é preciso ensinar esse hábito, como ensinamos as boas maneiras, a viver ao ar livre, a comer menos doces”, sugeriu.

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