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Ex-ministro de Passos Coelho diz que acordo com Chega é “traição” aos valores do PSD

O social-democrata e antigo ministro do Ambiente de Pedro Passos Coelho defende que a realização de um congresso extraordinário antes das eleições autárquicas, alertando que esta “alteração radical” de posicionamento do PSD pode levar a uma “acelerada degradação da sua base eleitoral”.
16 Novembro 2020, 10h51

Jorge Moreira da Silva, antigo ministro do Ambiente de Pedro Passos Coelho, considera que o acordo do Partido Social Democrata (PSD) com o Chega nos Açores é “uma traição” aos valores do partido. O social-democrata defende que a realização de um congresso extraordinário antes das eleições autárquicas, alertando que esta “alteração radical” de posicionamento do PSD pode levar a uma “acelerada degradação da sua base eleitoral”.

Num artigo de opinião publicado no jornal “Público”, o ex-ministro do Ambiente defende que a solução governativa encontrada para os Açores (coligação do PSD, CDS-PP e PPM, com o apoio parlamentar do Chega e do Iniciativa Liberal) consiste numa “alteração radical do posicionamento ideológico e programático do PSD e uma traição ao seu quadro de valores e princípios”. Isto por causa dos acordos com o Chega.

“Não se fazem acordos com partidos xenófobos, racistas, extremistas e populistas. Com partidos que, por ignorância ou perversidade moral, propalam propostas incompatíveis com a dignidade humana. Ponto!”, escreve o antigo vice-presidente do PSD, referindo-se ao Chega. E sublinha: “Não se conversa, informal ou formalmente, e muito menos se negoceia com esses partidos”.

Para Jorge Moreira da Silva, o facto de o PSD ter negociado com o Chega um entendimento para garantir a viabilização do Governo de José Manuel Bolieiro inicia uma “metamorfose de uma amplitude tão grande” no PSD que, “num momento já muito frágil do sistema partidário (apenas 17% dos portugueses confiam nos partidos), pode iniciar um processo de acelerada degradação da base eleitoral” do partido liderado por Rui Rio.

“Considero necessária a realização de um congresso extraordinário do PSD para definição, bem antes das eleições autárquicas e legislativas, da nossa política de coligações e entendimentos. É imprescindível clarificar esta questão de identidade, não do PSD, mas da sua atual direção”, sustenta.

Jorge Moreira da Silva revela ainda que não é um grande admirador de soluções como a dos Açores e a de 2015, ano em que nasceu a “geringonça” de António Costa, e assume ser “da velha escola”, com a máxima de “quem ganha governa”. “Continuo a achar que a solução de 2015, sendo constitucionalmente legítima, foi politicamente imoral, defraudando as expectativas dos eleitores. Não mudei de opinião”, vinca.

O Governo de José Manuel Bolieiro foi indigitado há uma semana, depois de o PSD (com 21 deputados eleitos) ter chegado a acordo com o CDS-PP (3 deputados) e o PPM (2) para formar Governo. Como para se ter maioria no Parlamento açoriano, os partidos têm de ter, pelo menos, 29 dos 57 assentos parlamentares, a coligação à direita teve ainda de somar o apoio parlamentar do Chega (2 deputados) e do Iniciativa Liberal (1).

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