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Ex-polícia que promete uma cidade mais segura deverá ser o próximo ‘mayor’ de Nova Iorque

Primárias do Partido Democrata representaram uma derrota para quem defende a redução de financiamento dos departamentos de polícia. Eric Adams torna-se o claro favorito à sucessão de Bill de Blasio, o que faria do antigo capitão, que na juventude foi espancado dentro de uma esquadra, o segundo negro eleito para o cargo na principal cidade dos Estados Unidos.
  • Eric Adams
7 Julho 2021, 18h00

O ex-polícia Eric Adams foi declarado o vencedor das primárias do Partido Democrata para a eleição do mayor de Nova Iorque, derrotando Kathryn Garcia na segunda volta por pouco mais de oito mil votos. Apesar de a sucessão de Bill de Blasio, impedido de se recandidatar por ter atingido o limite de mandatos consecutivos, só estar marcada para 2 de novembro, Adams é o claro favorito na disputa com o republicano Curtis Sliwa. Há seis vezes mais nova-iorquinos registados como democratas do que como republicanos, e o último mayor eleito por esse partido, Michael Bloomberg, oscilou entre independente e democrata, disputando com Joe Biden a candidatura às presidenciais de 2020.

“Já o disse e volto a repetir. Isto não foi uma simples campanha eleitoral. Foi um movimento que juntou trabalhadores nova-iorquinos dos cinco bairros para termos uma cidade mais segura, mais forte e mais saudável. E a nossa força e a nossa mensagem são a razão da nossa vitória”, escreveu o candidato democrata nas redes sociais.

A vitória de Eric Adams representa a recusa pelo eleitorado dos apelos para a retirada de financiamento ao Departamento de Polícia de Nova Iorque e uma clara derrota para a ala mais esquerdista do Partido Democrata. O antigo capitão da polícia, de 60 anos, que chegou a estar registado como republicano entre 1997 e 2001, não só prevaleceu sobre Kathryn Garcia, encarada como uma tecnocrata, como afastou Maya Wiley, que contava com o apoio da senadora e ex-pré-candidata presidencial Elizabeth Warren, e da congressista Alexandria Ocasio-Cortez, uma das vozes mais críticas daquilo que considera ser o racismo sistémico dos agentes da autoridade.

Apesar de as primárias nova-iorquinas do Partido Democrata terem decorrido a 22 de junho, com os quase 800 mil participantes na votação a poderem apontar segundas, terceiras, quartas ou quintas escolhas além do seu favorito, a chegada de perto de 100 mil boletins enviados por correio e a deteção de problemas no escrutínio atrasou a confirmação da vitória de Eric Adams, que é o atual presidente do bairro de Brooklyn desde 2014, após ter sido senador estadual. Obteve 50,5% dos votos na segunda contagem, contra 49,5% de Kathryn Garcia.

As duas décadas de carreira policial do mais que provável futuro mayor terão sido a consequência direta de um episódio traumático na juventude de Adams, que foi espancado numa esquadra ao ser detido por invasão de propriedade privada. Segundo o próprio candidato, que deverá tornar-se o segundo negro à frente da principal cidade dos Estados Unidos, após David Dinkins – e o primeiro a consegui-lo no século XXI -, a sua prioridade foi desde então reformar as forças policiais a partir do seu interior.

Eric Adams contou com o apoio dos homólogos dos bairros do Bronx e de Queens e de seis congressistas democratas que representam círculos do estado de Nova Iorque na Câmara dos Representantes. Mas também do tabloide “New York Post”, que tem uma linha editorial conservadora, ao ponto de ter apelado ao voto em Donald Trump nas presidenciais de 2020, tendendo a centrar-se no combate ao crime e a defender a atuação das forças policiais.

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