Chegou a hora. Depois das provas de aferição, António Costa aparece bem posicionado nos rankings escolares. Tem tido umas notas agradáveis nos testes escritos (provou bem no tópico PIB – 1º trimestre) e regista uma performance assinalável nas provas orais. Para além disso, o seu inovador capote “anti-pingos da chuva” está próximo de conseguir uma patente internacional – não há escândalo, polémica ou má notícia que não sacuda.

Mas há sempre uma hora em que temos de nos enfrentar com a realidade e o orçamento para 2018 é o teste decisivo.

O ambiente na escola não é dos melhores. O bullying do Bloco e do PC é cada vez mais agressivo e, em nome das bases, traídas e deserdadas, clamam por promessas, pedem sangue, exigem o golpe final no grande capital. Querem um ataque frontal às empresas com mais um aumento da carga fiscal, querem taxar capital e património, querem tornar o mercado de trabalho inflexível, para proteger o status quo e travar a criação de novos empregos. Querem aumentos de regalias e prebendas para a função pública – onde habitam os seus eleitores mais radicalizados – e querem mais despesa, sem olhar ao critério e sem atender aos efeitos.

Na sábia expressão popular, querem “ir ao pote”, mas o pote continua vazio – promovem a imprudência na gestão do débil equilíbrio das contas públicas e pedem mais festa apesar de não haver quem a pague. Pois bem, a verdade é que não estão sozinhos, porque há uma falange alargada de Galambas que os apoia e lhes insufla vida, ávidos por competir pelos favores do espelho da rainha, que teima em repetir que não há ninguém mais bela do que Mortágua e Catarina.

E o PS equilibrado, sensato, europeísta e preocupado em manter o equilíbrio entre Estado Social e Economia de mercado em crescimento? Diz quem o terá visto que está aterrorizado e que foi relegado para a cave do Largo do Rato, dando a PSD e CDS uma oportunidade valiosa de aparecer com um verdadeiro plano de reformas económicas e de passar da defesa acanhada da herança para um verdadeiro ponto de ataque. É este o momento de apresentar propostas novas, de apontar reformas, de defender a modernidade, a inovação e o crescimento económico. Opondo-se à deriva estalinista de ataque à economia e mostrando uma visão social-democrata equilibrada, na esteira das pujantes congéneres europeias.

António Costa vai ter de escolher. E desta vez, neste exame, não pode ir pelo meio piscando o olho a uns e a outros.

Faço votos para que obtenha boa nota neste teste decisivo para a economia portuguesa e para Portugal. Sei que é preciso estar uns tempos sentado a ler dossiers e que isso não é o que mais lhe agrada. Mas este é o exame que conta e dele depende o nosso futuro colectivo.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.