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Exclusivo: Luís Filipe Vieira foi constituído arguido no processo que investiga Rui Rangel

Em causa estão suspeitas de tráfico de influências relacionadas com processos que se prendem com impostos do filho de Luís Filipe Vieira e decisões que o juiz desembargador fez valer junto dos tribunais.
30 Janeiro 2018, 13h10

O presidente do Sport Lisboa e Benfica (SLB) foi constituído arguido, por suspeitas de tráfico de influências, no âmbito desta investigação que resultou de uma certidão extraída da designada operação “Rota do Atlântico” e que investiga Rui Rangel desde 2016, apurou o Jornal Económico.

Em causa estão suspeitas de tráfico de influências relacionadas com processos que se prendem com impostos do filho de Luís Filipe Vieira e decisões que o juiz desembargador fez valer junto dos tribunais.

A investigação que teve origem na  Operação “Rota do Atlântico” e que tem Rui Rangel como um dos alvos levou a buscas à casa do juiz desembargador e ao Tribunal da Relação de Lisboa, estendendo-se também à casa do do Benfica.

O raide da justiça levou já a duas  detenções: do advogado José Bernardo Santos Martins e do filho, amigos do juiz com suspeitas de branqueamento. Terão servido de ‘testas de ferro’ no esquema de Rangel.

A mega operação judicial, que conta com mais de 100 inspectores  da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária no terreno, levou já a algumas detenções e a buscas a vários locais. Um dos alvos foi a casa de Luís Filipe Vieira, bem como a SAD do Benfica, onde Rui Rangel mantém uma relação de proximidade com o líder do Benfica, depois de ter concorrido com ele à presidência do clube.

O Benfica confirmou nesta terça-feira, 30 de janeiro, a realização de buscas por parte da Polícia Judiciária, sem especificar o local, mas assinalou que a investigação em curso “não tem por objeto” o clube lisboeta.

“O Sport Lisboa e Benfica confirma a realização de buscas no âmbito de uma investigação que não tem por objeto o clube e que se encontra em segredo de justiça”, avança o clube numa nota publicada no sítio oficial na Internet.

A Procuradoria Geral da República (PGR) confirmou a realização de buscas esta terça feira, dando conta que estão em causa suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal.

A investigação teve origem na  Operação “Rota do Atlântico”, que tem Rui Rangel como um dos alvos, levou hoje a buscas à casa do juiz desembargador e ao Tribunal da Relação de Lisboa, onde o juiz exerce funções e tomou as decisões em causa. O Jornal Económico sabe que o raide da Justiça já levou a duas detenções: o advogado José Bernardo Santos Martins e o filho, amigos do juiz sobre quem suspeitas de branqueamento. Terão servido de ‘testas de ferro’ no esquema que as autoridades suspeitam que Rangel teria.

A PJ descobriu que milhares de euros terão sido depositados por José Veiga nas contas do filho de Santos Martins que é amigo de Rui Rangel. Autoridades suspeitam que o destinatário seria o juiz desembargador.

Rui Rangel não foi detido devido ao estatuto dos magistrados judiciais, que não permite a detenção ou prisão antes de ser proferido despacho que designe dia para julgamento relativamente a acusação deduzida contra um magistrado judicial. Os supeitos alvos de buscas estão a ser constituídos arguidos para se apresentarem no Supremo Tribunal de Justiça em primeiro interrogatório judicial.

A revista Sábado avançou esta manhã que estavam a ocorrer buscas na casa do juiz desembargador, Rui Rangel e que a operação está a ser acompanhada pelo ex-Procurador-Geral da República, José Souto Moura, que é actualmente juiz conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça.

Rui Rangel é suspeito de ter recebido dinheiro do empresário José Veiga, arguido no processo “Rota do Atlântico” por suspeita de crimes de corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais e tráfico de influência. De acordo com o CM, a Polícia Judiciária descobriu que milhares de euros terão sido depositados por José Veiga em contas do filho de José Bernardo Santos Martins. Este último é amigo de Rui Rangel e as autoridades suspeitam que o destinatário do dinheiro seria o juiz desembargador.

A operação “Rota do Atlântico” foi desencadeada a 3 de fevereiro de 2016, tendo sido constituídos, entre outros,  José Veiga, Paulo Santana Lopes, Manuel Damásio e a advogada Maria de Jesus Barbosa.  Este inquérito investiga vantagens indevidas a titulares de cargos políticos do Congo Brazzaville para obtenção de contratos de obras públicas e de construção civil para a holding americana da multinacional brasileira Asperbras. Estará em causa o crime de corrupção no comércio internacional.

Rui Rangel foi o juiz escolhido para analisar um dos recursos de José Sócrates na “Operação Marquês”, sendo que o Ministério Público avançou com um pedido de escusa. No comunicado de 2016, a PGR explicou que o requerimento foi feito por “considerar existir motivo sério e grave, adequado a gerar desconfiança sobre a imparcialidade do magistrado judicial”.

O Supremo Tribunal de Justiça acabou por decidir afastar o juiz Rui Rangel da apreciação do recurso de José Sócrates, apresentado no âmbito da “Operação Marquês”.

 

 

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