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Exposição da banca à dívida italiana “não é uma bomba-relógio”, diz diretor da Fitch

“Se estivéssemos preocupados com [a possibilidade de] a Itália sair do euro, então, sim, eu diria que a exposição à dívida italiana seria extremamente arriscado. Mas as nossas expectativas são de que a Itália não vai sair do euro”, concluiu Michele Napolitano, ‘senior diretor’ da Fitch e responsável pela análise do risco da dívida portuguesa.
3 Fevereiro 2020, 07h20

“Não consideramos que os bancos portugueses estejam sentados em cima de uma bomba-relógio”. Eis a resposta de Michele Napolitano, senior diretor da Fitch e responsável pela análise do risco da dívida portuguesa quando questionado sobre os riscos da exposição da banca nacional à dívida italiana.

“Demos a Itália o mesmo rating que demos a Portugal [BBB], mas está com uma perspetiva ‘negativa’, enquanto Portugal está com um outlook ‘positivo'”. Desde agosto de 2018, quando baixámos o outlook para Itália, os riscos da fiabilidade creditícia italiana têm vindo a atenuar-se”, explicou o responsável da Fitch.

“Tivemos dois governos e ambos foram prudentes do ponto de vista orçamental”, adiantou Michele Napolitano. “Respeitaram as regras da União Europeia e da Comissão e, se esta postura continuar – que é a nossa expectativa – não consideramos que os bancos portugueses estejam sentados em cima de uma bomba-relógio”, frisou.

A questão é indissociável de Matteo Salvini, vincando que  “todos sabemos que ele é um eurocético, mas tanto ele como o seu partido [Liga Norte] baixaram o tom da retórica sobre Itália sair do euro, o que seria um risco significativo”.

“Se estivéssemos preocupados com [a possibilidade de] a Itália sair do euro, então, sim, eu diria que a exposição à dívida italiana seria extremamente arriscado. Mas as nossas expectativas são de que a Itália não vai sair do euro”, concluiu Michele Napolitano.

No início deste ano, o jornal “Expresso” dava conta que, à exceção do Santander Totta, as principais instituições financeiras do país estavam expostas a mais de três mil milhões de euros em dívida italiana, com destaque para o Crédito Agrícola liderado por Licínio Pina, com 1,6 mil milhões de euros em dívida italiana no balanço.

Entre os principais bancos a atuar em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos tinha uma exposição de 590 milhões de euros à dívida italiana, seguindo-se o BPI com 501 milhões e o Millennium bcp, com 400 milhões.

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