Exposição do banco ao GES até setembro de 2013 “proporcional ao risco avaliado”, diz António Souto

O ex-administrador do BES António Souto considerou hoje no parlamento que a exposição do banco ao Grupo Espírito Santo (GES) era, até setembro de 2013, “proporcional ao risco avaliado”. “Até setembro de 2013, a exposição direta ou indireta do BES no GES era relativamente baixa, sendo proporcional ao risco avaliado”, realçou o responsável na sua […]

O ex-administrador do BES António Souto considerou hoje no parlamento que a exposição do banco ao Grupo Espírito Santo (GES) era, até setembro de 2013, “proporcional ao risco avaliado”.

“Até setembro de 2013, a exposição direta ou indireta do BES no GES era relativamente baixa, sendo proporcional ao risco avaliado”, realçou o responsável na sua intervenção de abertura na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES.

A partir de novembro de 2013, o BES “cumpriu as determinações” do Banco de Portugal, “tentando construir um anel de defesa que protegesse o banco das incertezas, quanto à situação do GES”.

“Contudo, existiram algumas operações efetuadas à margem dos órgãos competentes do banco e também compromissos assumidos pela Rio Forte e ESFG que não foram cumpridos”, advogou António Souto, que era responsável pelo departamento de ‘compliance’

A ESFG, prosseguiu, “não cumpriu as determinações do BdP como evidenciam os factos conhecidos do seu aumento de exposição ao GES”, algo que “é da exclusiva responsabilidade do seu conselho de administração”.

“A descoberta no final de julho de 2014 de operações financeiras, desconhecidas da maioria dos membros da comissão executiva [do BES] e o seu impacto negativo nos resultados do Banco, bem como de cartas consideradas de garantia emitidas sem conhecimento da comissão executiva, colocaram inesperadamente os resultados do banco em níveis que fizeram baixar os rácios de capital a valores inferiores aos mínimos exigidos”, frisou ainda.

Souto foi um dos três administradores que o banco central suspendeu – com base em “indícios da prática de atos prejudiciais aos interesses do BES” – aquando dos resultados historicamente negativos do BES nos primeiros seis meses de 2014.

Os outros responsáveis nessa situação foram Joaquim Goes, da área de risco, e Rui Silveira, ligado ao departamento de auditoria e inspeção.

Perante os deputados, o ex-administrador António Souto reconheceu que num Banco em que um grupo acionista de controlo “assegura diretamente a sua gestão”, e em que esse mesmo grupo “detém o controlo dum conglomerado misto com negócios em áreas financeiras e não financeiras de grande relevo” o tema do “potencial conflito de interesses está permanentemente presente, implícita ou explicitamente”.

Tal tema, continuou, “merece uma especial atenção por todos os acionistas, nomeadamente, os que estão representados no seu conselho de administração”.

E acrescentou: “Até aos factos conhecidos no final de 2013, foi sempre minha convicção, com os dados que eram do meu conhecimento, que esse risco tinha sido controlado”.

António Souto está a ser ouvido no parlamento desde as 16h15, na segunda audição da comissão BES/GES do dia: antes foi ouvida Isabel Almeida, antiga diretora financeira do BES, numa audição arrancou cerca das 09:00, foi interrompida pelas 13:30 para almoço, numa audição que durou no total cerca de sete horas.

OJE/Lusa

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