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Fair-play financeiro é uma miragem? Milhões falam por si

Poder financeiro dos grandes europeus aumenta fosso entre ricos e pobres. Que futuro têm os clubes portugueses?
  • Alessandro Bianchi/Reuters
22 Abril 2018, 11h45

Os muitos milhões de euros gastos pelos colossos europeus revelam um cenário de difícil solução para equipas com menor poder económico, ainda que a razão do sucesso de um clube de futebol seja multifatorial.

Para os clubes fora dos cinco maiores campeonatos europeus (Big 5), como a I Liga, a questão é se há espaço para continuarem a ombrear com os maiores da Europa. “Se este desfasamento entre as forças que existem noutros campeonatos e a força do campeonato português passar a ser uma prática comum”, segundo a análise de Rui Pedro Braz junto do Jornal Económico, a resposta não será positiva.

Embora nos últimos 15 anos, FC Porto, SL Benfica e Sporting CP terem estado em pelo menos, cinco finais europeias, o campeonato nacional está atualmente no sétimo lugar no ranking da UEFA. E já com “dificuldades” em aguentar a posição, sabendo dos “custos que isso tem com a presença das equipas portuguesas na Europa”.

Para o jornalista especializado em futebol, “o desfasamento a nível financeiro mostra que algo está errado”, considerando que o “ fair-play financeiro é uma miragem, principalmente, para conter os novos ricos do futebol que podem comprar os jogadores que querem quando querem, conforme querem – como Manchester City eParis Saint-Germain”.

“O caminho que se está a trilhar vai desembocar, inevitavelmente, numa superliga europeia” – afirma – num modelo “muito próximo” daquilo que é a recém-criada Liga das Nações. Sem capacidade financeiradespo para discutir com os colossos das Big 5, resta aos clube nacionais apostar no scouting e formação de atletas e na promoção do futebol português.

“Não podemos estar à espera que seja a seleção nacional a promover o produto futebol nacional. Têm de ser também os clubes, nas competições europeias, com a imagem que passam do nosso campeonato a promovê-lo”, considera.

O comentador desportivo da TVI24 realça que os clubes portugueses não podem estar à espera que o contexto mude, ou que evolua para uma liga europeia.

“O segredo é este: apostar cada vez mais na formação, porque  o jogador português é talentoso por natureza, mas tem que ser trabalhado e bem formado, visto que o ‘produto’ português tem muito valor lá fora”, aponta o  Rui Pedro Braz, que ressalva para o facto de a formação não garantir atletas todas as épocas. Nesse ponto é preciso apostar no recrutamento.

Um ‘scouting’ “extremamente competente, com especialistas e olheiros,  na América Latina, nos países de leste e nas divisões inferiores de Portugal”, pode dar “capacidade de perceber onde é que está o talento antes dos clubes ditos grandes”.

Encontrar novas formas de financiamento é também ponto fulcral: os clubes nacionais devem procurar “ir ao encontro de investidores estrangeiros que estejam interessados” no futebol português, mas tudo depende dos dirigentes, para o jornalista.

“Os clubes têm de perceber que enquanto não se unirem para aquele que é um bem comum, a galinha dos ovos de ouro, um produto como futebol nacional lá fora  arrisca-se a perder cada vez mais credibilidade”.

Esta é a chave, se a UEFA não implementar “uma série de medidas para que haja um maior equilíbrio”, conclui o comentador.

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