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Falências a subir na China e em Singapura e retração na Coreia do Sul, estima Crédito y Caución

Estudos da Crédito y Caución consideram que, apesar das perspetivas de contração da economia devido à pandemia, Taiwan é dos países asiáticos que tem mais margem para resistir a esta crise.
  • Adi Constantin on Unsplash
15 Abril 2020, 15h46

A Crédito y Caución prevê um aumento das insolvências empresariais na China superior a 25% até ao final deste ano face ao período homólogo de 2019, um fenómeno que deverá ser especialmente centrado nas PME – Pequenas e Médias Empresas privadas a operar nos setores com pior rendimento e que tenham acesso limitado a financiamentos.

“Nos dois últimos anos, as insolvências na China cresceram devido a uma menor expansão económica e ao reequilíbrio da economia na direção do consumo interno. As empresas altamente endividadas em segmentos com excesso de capacidade, como o setor mineiro, celulose, circuitos impressos, têxtil, construção naval, energia solar, aço e metalurgia são especialmente vulneráveis. As empresas que dependem das exportações para os Estados Unidos, em especial nos setores da metalurgia, maquinaria eletrónica, têxtil e pneus, também apresentam dificuldades”, resume um comunicado desta empresa especializada em seguros de crédito.

De acordo com os responsáveis da Crédito y Caución, “o surto de coronavírus afetou gravemente a economia chinesa no primeiro trimestre de 2020, gerando um impacto imediato nos setores do comércio, turismo, lazer, restauração, imobiliário, transportes e navegação, onde os fluxos de caixa se viram pressionados pela brusca deterioração das vendas”.

“As medidas adotadas pela administração chinesa para conter a expansão do surto tiveram um impacto significativo na procura interna, na produção industrial, no investimento e nas exportações. Apesar do retomar da produção e das medidas de estímulo, a Crédito y Caución prevê que a taxa de crescimento económico da China se deteriore acentuadamente em 2020, situando-se num crescimento zero ou chegando mesmo à contração”, avança o referido comunicado.

Os responsáveis da Crédito y Caución destacam que “a China viu as suas produções manufatureira e industrial paralisadas no primeiro trimestre de 2020”, acrescentando que “a retoma económica ver-se-á limitada pela persistente debilidade da procura, tanto interna como dos mercados externos, afetados pela deterioração na Europa e nos Estados Unidos”.

“Entre os fatores de riscos para o baixo crescimento da China estão uma possível falta de contenção do surto no país, a evolução da pandemia a nível mundial e o conflito comercial com os EUA”, justifica o comunicado em questão.

No entender da Crédito y Caución, “a administração chinesa enfrenta um difícil equilíbrio entre o apoio ao crescimento económico e um processo ordenado de desalavancagem financeira a médio prazo”.

“Embora a dívida do Governo central se mantenha inferior a 25% do PIB, a dívida total do país tem quase o triplo da dimensão da economia: a dívida dos governos locais ascende a 60-70% do PIB, a das empresas alcança os 155% e a das famílias não deixou de crescer nos últimos cinco anos, fruto do mercado hipotecário”, concluem os responsáveis da Crédito y Caución.

Também em relação a Singapura, “a Crédito y Caución prevê um incremento das insolvências empresariais superior a 10% em 2020 (…).

Nerste país asiático, “o aumento das insolvências afetará especialmente os serviços ligados ao turismo, alojamento e restauração, comércio a retalho de bens de consumo duradouros e a construção civil”.

“Apesar desta evolução, a cidade-estado manterá a sua posição como uma das economias mais sólidas do mundo no que se refere ao risco soberano, fundamentos macroeconómicos e amplas reservas de divisas”, ressalvam os especialistas da Crédito y Caución.

Dificuldades na Coreia do Sul e Singapura
Outro país asiático em dificuldades para enfrentar o impacto do surto do coronavírus, de acordo com os responsáveis da  Crédito y Caución, é a Coreia do Sul, prevendo-se que “entre em recessão no primeiro semestre de 2020 devido aos efeitos da pandemia global”.

“No total do ano, o cenário será de uma queda do PIB de 1%. A contração poderá ser mais profunda, dependendo da duração e profundidade da pandemia. O atraso no envio de peças por parte da China está a prejudicar em particular os setores automóvel e TIC [tecnologias de informação e comunicação] coreanos, com empresas obrigadas a operar abaixo da sua capacidade. A contínua deterioração da procura mundial e as perturbações da cadeia de fornecimento estão a ter um importante efeito negativo no investimento e no comércio externo, que irão sofrer uma contração em 2020. Ao mesmo tempo, a grande quantidade de casos de coronavírus registados no país afetou negativamente o consumo interno”, esclarece a empresa.

Taiwan com mais margem de manobra
Ainda no continente asiático, mas em sentido contrário, parece posicionar-se Taiwan.

“A Crédito y Caución prevê que o PIB de Taiwan se contrairá em 2020 em torno de 0,5%, sem afastar a possibilidade de uma recessão mais pronunciada. As medidas adotadas na China continental para combater a pandemia de coronavírus estão a provocar atrasos na produção de Taiwan e escassez de matérias-primas, especialmente nos setores da eletrónica e das TIC, que representam 33% das suas exportações”, sublinham os responsáveis da empresa, acrescentando que, “embora a  ilha tenha conseguido até agora travar a propagação do coronavírus, a procura interna viu-se afetada pela desaceleração do consumo privado e pelas amplas proibições às viagens, que pararam a afluência de turistas”.

Os responsáveis da Crédito y Caución salientam que, “em março, o banco central [de Taiwan] reduziu as taxas de juro pela primeira vez em quatro anos ao mínimo histórico de 1,125% e proporcionou liquidez aos bancos para apoiar as PME”.

“Em abril, as autoridades lançaram medidas de estímulo no valor de 35.000 milhões de dólares para apoiar empresas e famílias. As finanças públicas de Taiwan são muito sólidas, com uma dívida pública de cerca de 30% do PIB denominada em moeda local e nas mãos de investidores nacionais. Isto oferece uma certa margem para despesas adicionais, se forem necessárias”, conclui a Crédito y Caución.

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