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Falências de empresas de eventos e animação podem subir para 30%

Os dados foram revelados hoje à agência Lusa pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), à margem do seu 10.º congresso, que decorre no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, distrito de Braga.
8 Março 2022, 14h59

Cerca de 15% das empresas de eventos e animação turística fecharam nos últimos dois anos devido à pandemia, mas as falências podem chegar aos 30% com a guerra na Ucrânia, estima o setor, que apela para a ajuda do Governo.

Os dados foram revelados hoje à agência Lusa pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), à margem do seu 10.º congresso, que decorre no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, distrito de Braga.

“O setor sofreu os impactos, resistiu, estimamos que cerca de uma percentagem, mesmo assim muito grave, por volta dos 15% de empresas que faliram [durante a pandemia], mas que estavam com esperança neste ano, principalmente para aquelas que estão bastante mais fragilizadas — e tudo indicava que pudesse ser um ano de tentarem resistir —, com esta crise podemos chegar a 30% de falências para o setor. O que é muito”, referiu António Marques Vidal.

Segundo este responsável, “mesmo as empresas que estão a resistir, perderam muita eficácia na sua capacidade de resposta e têm muitos mais custos de produção”.

“Estão a ser uns tempos difíceis”, assume o presidente da APECATE.

Sobre a guerra na Ucrânia, António Marques Vidal destaca que o setor reagiu de forma “solidária”, com empresas e pessoas que, “apesar de estarem esgotadas, estão a dar o seu trabalho gratuito e a pagar do seu bolso para ajudar” neste conflito.

O presidente da APECATE pega no exemplo das empresas que estão a ajudar, e espera que o Governo tenha a mesma atitude e que apoie o setor, que assiste um aumento dos custos generalizado, sobretudo na energia.

“O que esperamos é que, tal como as empresas estão a preparar e a ajudar, o Governo tenha a capacidade de ajudar e de ter uma estratégia flexível de combate a este aumento que, muito dele é especulativo, nomeadamente na energia. Esperamos que o Governo tenha a capacidade de dar mensagens claras e que apoie, porque, o setor, depois de dois anos de pandemia, não tem capacidade nenhuma para investir, está esgotado e precisa de ter do lado de lá um apoio, pois, se morrerem as empresas, aí é que não há hipótese nenhuma de conseguirmos dar a volta”, alerta António Marques Vidal.

O presidente da APECATE diz que os últimos dois anos mostraram ao mundo que “não há certezas” e que é preciso, cada vez mais, “trabalhar em cima da incerteza”, razão pela qual defende que o setor, assim como a sociedade, em geral, “têm de se adaptar e viver com um planeamento híper flexível”.

“Todos nós estamos a fazer essa reconversão. O problema é: estamos com dois anos de pandemia e os recursos das empresas estão esgotados. As pessoas, que é quem alimenta as empresas, os recursos humanos, não existem. Portanto, esta crise veio ainda criar um desafio maior”, salienta António Marques Vidal.

Para o presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE) é essencial resolver as “questões de fundo” e diz, na sua opinião, qual será o “maior desafio” para o setor do turismo e para o país.

“Temos de olhar com mais cuidado, com mais pormenor e começar a trabalhar as questões de fundo e o grande desafio de Portugal chama-se ordenamento sustentável. Um desafio para Portugal inteiro e não só para o setor do turismo. Temos de nos reorganizar, temos de nos tornar bastante mais sustentáveis, mas também sustentáveis na capacidade de resistir a esta mudança, a estes imprevistos, e de sermos mais eficazes e, com isso, sermos um país mais forte”, defendeu António Marques Vidal.

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