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Falta de areia nas praias pode acabar com ensino de surf na Costa de Caparica

A prática e a aprendizagem de surf nas praias da zona norte da Costa de Caparica, em Almada, estão em causa devido à falta de areia, segundo a Associação de Surf da Costa de Caparica (ASCC).
8 Abril 2018, 12h20

“A Costa de Caparica é conhecida como um dos paraísos da aprendizagem do surf devido às condições que as praias apresentam, mas se a reposição de areia não for feita vai ser muito difícil que continue a ser um local de referência”, disse à agência Lusa o presidente da associação, Miguel Gomes. Por não haver areia suficiente, referiu, cada vez há menos surfistas na zona.
“Ao não haver areia, as ondas ficam com ‘backwash’ [fluem na direção oposta ao normal, dirigindo-se a alto-mar] e isso impede que se faça surf”, explicou.
Miguel Gomes destacou a “preocupação constante” da Junta de Freguesia de Costa de Caparica e da Câmara Municipal de Almada (distrito de Setúbal) em relação à prática de surf no concelho, mas notou que os fundos para reverter a situação dependem do Governo.
“Aqui quem manda é o Governo, o Governo é que tem o dinheiro que permite realizar uma intervenção mais séria e esperamos que essa intervenção seja urgente”, destacou.
O presidente da Junta de Freguesia da Costa de Caparica, José Ricardo Martins (PS), lembrou que para reequilibrar o sistema na freguesia serão necessários, “até 2050, cinco milhões de metros cúbicos de areia”, um investimento de mais de 25 milhões de euros.
Para o autarca, no Orçamento do Estado do próximo ano terá “obrigatoriamente” de constar, no mínimo, verba suficiente para um milhão de metros cúbicos de areia.
“Desde 2015 que não temos enchimento de areia. Este ano, com o aproximar da época balnear, já não é possível, mas é preciso que o Ministério das Finanças e o Ministério do Ambiente inscrevam no Orçamento do Estado para 2019 no mínimo cinco milhões de euros de verba, o custo de um milhão de metros cúbicos de areia, para a Costa de Caparica”, defendeu.
O autarca indicou que o preenchimento cíclico de areia até 2050 terá um custo de 20 cêntimos por cada português, “uma coisa irrisória.
“Somos um país virado para o turismo, temos de perceber que este tipo de enchimentos de areia tem de estar presentes naquilo que é o desenvolvimento do país”, afirmou.
No que diz respeito à existência de um plano a longo prazo para a gestão de todo o litoral do país, o autarca alerta para que também a vertente económica e turística nacional seja considerada.
“O Governo terá de olhar para esta linha do litoral, em todo o litoral português, de outra maneira. Terá de perceber que a primeira linha do turismo português é o sol e o mar e, para isso, também a proteção da linha do litoral. Esta proteção da linha do litoral não serve só para proteger as pessoas e bens, mas também para fazer praia e dinamizar a economia local”, disse.
O presidente da associação de surf alertou ainda para a segurança dos surfistas que ainda arriscam entrar no mar daquelas praias, que está posta em causa, com os movimentos das ondas em direção ao paredão.
“Quando a maré está cheia é praticamente impossível fazer surf, uma vez que as ondas batem nas pedras [do paredão] e é impossível alguém aprender a surfar assim. Além de que coloca os praticantes em perigo, porque podem magoar-se ao embater na zona empedrada”, afirmou.
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