Falta de genéricos vai continuar enquanto não houver acordo com Governo, avisa presidente do HCP

Guy Villax criticou a “visão miópica” do regulador, o Estado, com quem existe “uma tensão brutal” pela recusa em subir preços. Com as margens esmagadas, a capacidade de investimento e crescimento do sector sofre, lamenta.

Guy Villax, CEO da Hovione

O presidente do Health Cluster Portugal (HCP) avisa que as ruturas de medicamentos nas farmácias irão continuar enquanto não for atingido um acordo com o Governo quanto aos preços destes bens, que se têm tornado demasiado baixos para compensar a produção, nalguns casos.

Guy Villax falava em entrevista à Antena 1 e ‘Jornal de Negócios’ para criticar a “visão miópica” do regulador, o Estado, que parece ver o sector da saúde em Portugal como “uma maçada para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Assim, “se não houver um entendimento mútuo de como se agarra o problema”, a falta de alguns medicamentos nas farmácias irá continuar, lamenta. E “não é com ajustamentos pontuais que se resolvem problemas estruturais”, avisa.

“Um grande cliente quase incontornável é o Estado e os preços são todos tabelados. Inevitavelmente, há aí uma tensão brutal. Se os preços não mudam, ou quando mudam é sempre a descer, e depois há inflação de 8 ou 9%, há uma grande tensão que temos de resolver”, resumiu, lembrando que os preços em Portugal são “os mais baixos da Europa e não sobem há mais de dez anos”.

O resultado é uma perda de força das empresas do sector, que se veem incapazes de investir pela falta de margens na sua operação. Este é mais um problema a juntar-se às dificuldades de licenciamento, “à justiça, à fiscalidade” – que classifica como “um desastre” – e que tornam difícil competir internacionalmente.

“Como é que Portugal tem a consegue ter a mínima ambição de dizer que é mais competitivo que a Irlanda ou Singapura? Exportamos 2,4 mil milhões de euros do sector da saúde e estamos satisfeitíssimos; a Irlanda exporta 80 mil milhões só em medicamentos”, rematou.

Recomendadas

Alexandre Fonseca nomeado ‘Chairman’ executivo da Altice nos Estados Unidos

Alexandre Fonseca que trabalha no grupo Altice desde 2012 e que foi CEO da dona da MEO em Portugal, acaba de ser nomeado Presidente do Conselho de Administração da Altice USA. Sucede assim a Dexter Goei como presidente executivo da Altice nos Estados Unidos da América. Goei continua no board.

Novobanco aumenta capital em 263 milhões para converter créditos fiscais. Estado passa a ter 12%

O Novobanco anunciou ao mercado que, no seguimento da reunião da Assembleia Geral realizada esta quarta-feira, foi aprovado o aumento do seu capital o qual decorre da conversão dos direitos de conversão relativos aos anos fiscais de 2018 e 2019, emitidos ao abrigo do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos. O Estado ja tem 11,96% e o Fundo de Resolução dos bancos volta a diluir.

Lucros da Jerónimo Martins sobem 27,5% para 590 milhões de euros em 2022

A administração do grupo que detém os supermercados Pingo Doce propôs o pagamento aos acionistas de um dividendo de 55 cêntimos por ação da empresa, num total de 345,6 milhões de euros.
Comentários