O presidente do Health Cluster Portugal (HCP) avisa que as ruturas de medicamentos nas farmácias irão continuar enquanto não for atingido um acordo com o Governo quanto aos preços destes bens, que se têm tornado demasiado baixos para compensar a produção, nalguns casos.
Guy Villax falava em entrevista à Antena 1 e ‘Jornal de Negócios’ para criticar a “visão miópica” do regulador, o Estado, que parece ver o sector da saúde em Portugal como “uma maçada para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Assim, “se não houver um entendimento mútuo de como se agarra o problema”, a falta de alguns medicamentos nas farmácias irá continuar, lamenta. E “não é com ajustamentos pontuais que se resolvem problemas estruturais”, avisa.
“Um grande cliente quase incontornável é o Estado e os preços são todos tabelados. Inevitavelmente, há aí uma tensão brutal. Se os preços não mudam, ou quando mudam é sempre a descer, e depois há inflação de 8 ou 9%, há uma grande tensão que temos de resolver”, resumiu, lembrando que os preços em Portugal são “os mais baixos da Europa e não sobem há mais de dez anos”.
O resultado é uma perda de força das empresas do sector, que se veem incapazes de investir pela falta de margens na sua operação. Este é mais um problema a juntar-se às dificuldades de licenciamento, “à justiça, à fiscalidade” – que classifica como “um desastre” – e que tornam difícil competir internacionalmente.
“Como é que Portugal tem a consegue ter a mínima ambição de dizer que é mais competitivo que a Irlanda ou Singapura? Exportamos 2,4 mil milhões de euros do sector da saúde e estamos satisfeitíssimos; a Irlanda exporta 80 mil milhões só em medicamentos”, rematou.