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Famílias já pedem mais de 120 mil euros à banca para a compra de casa (com áudio)

Com a escalada dos preços dos imóveis nos últimos anos, o valor dos empréstimos para a casa tem vindo a crescer, chegando já a um montante recorde de mais de 120 mil euros, em média, conclui a BA&N Research Unit.
4 Fevereiro 2022, 07h00

O mercado imobiliário continua ao rubro, com os preços das habitações a manterem a tendência de subida. Isto levou os valores pedidos aos bancos pelas famílias portuguesas para um novo recorde no final de 2021, ao contratarem, em média, mais de 120 mil euros para a compra de casa.

“Embalados pelos juros historicamente baixos do Banco Central Europeu (BCE), mas também pelos spreads mais acessíveis exigidos pelos bancos, em torno de 1%, o valor médio dos novos créditos contratualizados nos três meses terminados a 31 de dezembro ascendeu a 120.389 euros, um aumento de mais de 6,5% face ao registado um ano antes”, de acordo com uma nota da BA&N Research Unit, divulgada esta sexta-feira. Um patamar que, segundo a consultora, foi superado pela primeira vez.

Esta evolução traduz um aumento em 7.350 euros face ao registado em dezembro de 2020, “ano em que, apesar da pandemia, com todos os impactos económicos e sociais associados, o valor médio dos empréstimos concedidos deu um salto de mais de 10%”, refere.

Esta evolução acontece numa altura em que os preços das casas também estão a bater recordes. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, referentes ao terceiro trimestre de 2021, os preços subiram a um ritmo homólogo de 12,2%, quase o dobro do ritmo de valorização do trimestre anterior. Já os preços em Lisboa dispararam para um novo máximo histórico.

“Com os preços das casas a aumentarem, os valores médios dos novos financiamentos a subirem, o montante concedido pelos bancos em crédito para a compra de habitação própria deu um salto em 2021”, refere a nota de “research”, recordando que os dados do Banco de Portugal mostram que foram concedidos 1.458 milhões de euros nesta modalidade, o que eleva o saldo global para 15,27 mil milhões de euros.

Perante este salto no crédito, o supervisor alertou, no Relatório de Estabilidade Financeira divulgado em dezembro, para o rácio de endividamento dos particulares em relação ao rendimento disponível, “sobretudo decorrente do
crescimento do crédito à habitação”. Mais recentemente, decidiu pôr um travão nas maturidades do crédito à habitação, limitando o prazo máximo do contrato – 40 anos – a quem tenha até 30 anos.

A procura por crédito para a compra de casa tem estado a ganhar força num cenário que ainda é de juros baixos. Mas no mercado já se antecipam subidas. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu tem vindo a afirmar que é “muito improvável” que a taxa de referência venha a sofrer alterações durante este ano. Contudo, o discurso começa a mudar. Na quinta-feira passada, disse que “todos os compromissos que faço são condicionais”, reconhecendo que “a situação se alterou” por causa das pressões inflacionistas.

“Com a recuperação económica da pandemia a ganhar força, as pressões inflacionistas tenderão a levar o BCE à normalização das taxas, o que deverá trazer novamente as Euribor de volta a ‘terreno’ positivo, o que já não se verifica desde 2015”, e que poderá custar mais de 60 milhões de euros às famílias portuguesas, remata a BA&N Research Unit.

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