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Farfetch enfrenta teste dos resultados, mas apesar dos prejuízos tem potencial para valorizar 24%

Unicórnio luso-britânico liderado por José Neves realiza esta quinta-feira à noite a primeira apresentação de resultados depois da estreia em bolsa. O potencial de crescimento deverá ser o principal foco dos analistas, que estão cada vez mais atentos à cotada.
  • Farfetch
7 Novembro 2018, 09h30

A Farfetch vai enfrentar o primeiro grande teste do mercado desde a entrada em bolsa. A empresa de luxo luso-britânica deverá continuar a registar prejuízo, mas a principal preocupação dos analistas deverá ser perceber se o ritmo de crescimento se irá manter. Para as recém cotadas ações vêem um potencial de valorização de 24%.

“A empresa deverá continuar a apresentar um resultado líquido negativo, devido aos custos acima das receitas”, afirmou Diana Oliveira, analista do BiG – Banco de Investimento Global, sobre as contas relativas ao terceiro trimestre do ano que serão reportada pela empresa na quinta-feira, após o fecho do mercado norte-americano.

Diana Oliveira referiu que o prejuízo é uma característica normal de empresas numa fase inicial das operações, dado que o ritmo elevado de crescimento de receitas é tipicamente assente em investimento da empresa em contratação de colaboradores e em desenvolvimento e melhoria de produtos (do qual decorrem custos).

É o que tem acontecido com a empresa tecnológica detentora de uma plataforma de moda, que vende produtos de mais de 700 marcas de luxo de todo o mundo.

No primeiro semestre do ano, registou um prejuízo de 68,4 milhões de dólares ou 1,42 dólares por ação. O valor representa um resultado líquido 133% mais negativo do que no período homólogo. No total do ano passado, o prejuízo foi de 112 milhões e, em 2016, de 81 milhões.

Tendência de crescimento é o foco do mercado

Apesar do prejuízo, a faturação da Farfetch aumentou 55% no primeiro semestre de 2018, para 268 milhões de dólares, face aos 173 milhões no período homólogo. Os últimos dados disponíveis – relativos a 2017 – indicam que a plataforma de comércio eletrónico de moda contava com cerca de 935 mil utilizadores, mais 40% que no final de 2016.

“O mercado pretende compreender se a empresa continuará a crescer as taxas elevadas dos últimos anos”, afirmou Diana Oliveira. “No curto prazo, a tendência de crescimento de receitas e margens operacionais será mais importante para o mercado do que a empresa atingir o breakeven“.

“A principal métrica de destaque dos resultados da Farfetch será a evolução do número de consumidores, transações geradas e receitas”, referiu a analista do BiG. Sublinhou, contudo, que “a longo-prazo a empresa terá que demonstrar a capacidade de rentabilizar as operações”.

Este é um momento importante para o sentimento dos investidores face à empresa já que  será a primeira apresentação de contas da empresa liderada por José Neves desde que se estreou na New York Stock Exchange.

A entrada em bolsa aconteceu a 21 de outubro, após uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em que encaixou 885 milhões de dólares (equivalente a cerca de 751 milhões de euros). Na altura, o preço por ação foi de 20 dólares (17 euros).

O unicórnio criado pelo português José Neves e com sede em Londres viu as ações valorizarem 42,25% e acabou a primeira sessão em bolsa a valer 8,3 mil milhões de dólares (face a uma estimativa dos analistas que apontava para um intervalo entre os 4,9 e os 5,5 mil milhões de dólares”.

Banca de investimento antecipa recuperação

A tendência não foi, no entanto, duradoura e a empresa foi penalizada volatilidade do mercado, tendo chegado a negociar abaixo do preço do IPO. Após atingir o mínimo de 18,39 dólares por ação no mês passado, acabou por recuperar e negoceia atualmente a preços acima da barreira inicial. Esta terça-feira, os títulos fecharam em Nova Iorque nos 21,71 dólares, o que representa uma subida de 4,32% face à sessão anterior.

Desde a entrada em bolsa, oito bancos de investimento iniciaram cobertura da Farfetch, sendo que o preço-alvo médio para as ações situa-se nos 26,83 dólares e o consenso de recomendação é ‘comprar’. Em relação à última cotação, representa um potencial de valorização de 23,6%.

O último foi o BNP Paribas, que iniciou cobertura a 19 de novembro e, a par do Goldman Sachs, é o banco de investimento que atribuiu uma estimativa de preço-alvo mais pessimista (nos 24 dólares). Em sentido contrário, a posição mais otimista pertence ao Wells Fargo, nos 30 dólares por título.

“Se a empresa mantiver a têndencia de de crescimento de receitas, número de consumidores, transações geradas na plataforma e margens operacionais, com uma gestão eficiente dos custos, o impacto deverá ser positivo”, acrescentou Diana Oliveira, do BiG.

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