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Faria de Oliveira lamenta a falta de informações sobre venda do Novo Banco

Faria de Oliveira assinalou ainda a melhoria dos resultados dos bancos que atuam no mercado português no primeiro trimestre, no entanto antecipa que os grandes bancos portugueses ainda vão demorar algum tempo até que voltem a distribuir dividendos aos seus acionistas.
  • Cristina Bernardo
23 Julho 2017, 17h33

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, lamenta a falta de informações sobre o estado da venda do Novo Banco à Lone Star, mas acredita que o processo vai ser fechado até dezembro. As declarações do presidente da APB foram proferidas na entrevista à Antena 1 e ao Negócios e citadas pela Lusa.

“Nós gostávamos de ter mais informação sobre o estado das negociações. Aliás, é uma das reclamações que o sistema [bancário] tem feito: sermos pouco postos ao corrente do que vai acontecendo”, afirma o porta-voz da banca em entrevista à Antena 1 e ao Negócios. Recorde-se que tal como o Jornal Económico avançou, a proposta do PSD para as novas regras bancárias passam por pôr a APB no ‘board’ do Fundo de Resolução.

Ainda assim, Fernando Faria de Oliveira considera que as informações públicas relativas à operação, resultantes da presença recente do governador do Banco de Portugal na COFMA (Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa), bem como algumas declarações públicas de membros do Governo permitem acreditar num desfecho positivo do negócio.

“As negociações parecem estar bem encaminhadas e são suscetíveis de poderem vir a ser concretizadas até ao final deste ano. Estou em crer que sim [que o negócio se vai concretizar]. Eu creio que dentro das alternativas possíveis, neste momento, será muito difícil perspetivar outro tipo de soluções”, disse Faria de Oliveira.

“A nacionalização não me parece ser possível, a liquidação seria completamente indesejável, e encontrar um novo comprador requeria todo um novo processo negocial com as autoridades europeias que não sei se estariam disponíveis para isso”, diz o líder da APB citado pela Lusa.

O presidente da APB disse ainda que a exposição dos bancos ao Fundo de Resolução (dono do Novo Banco) pode ser na ordem dos 10 mil milhões de euros, salientando que, no seu entender, a banca não tem que pagar a litigância que corre nos tribunais por causa dos processos de resolução.

A Lusa diz que durante a entrevista foram abordadas várias matérias de atualidade do setor, como a consolidação, que Faria de Oliveira considera que “ainda não terminou”, implicando a manutenção da redução das estruturas das instituições, quer ao nível de trabalhadores, quer em termos de agências.

O tema da rentabilidade também foi discutido, e Faria de Oliveira assinala a melhoria dos resultados dos bancos que atuam no mercado português no primeiro trimestre, no entanto antecipa que os grandes bancos portugueses ainda vão demorar algum tempo até que voltem a distribuir dividendos aos seus acionistas. “É um caminho relativamente longo”, diz. “A rentabilidade dos capitais próprios da banca europeia anda na ordem dos 5% a 6%. E o custo de capital na União Europeia é da ordem dos 9%. Em Portugal será até superior. Enquanto a rentabilidade não atingir valores superiores ao custo de capital, a distribuição de dividendos é manifestamente dificultada”, disse Faria de Oliveira.

Paralelamente, Faria de Oliveira olha com naturalidade para o reforço da aposta dos bancos espanhóis em Portugal, numa perspetiva de integração económica ibérica, sublinhando que os bancos portugueses têm cada vez mais um cariz regional, ao contrário dos grandes bancos espanhóis que têm uma ação cada vez mais global.

Faria de Oliveira aborda ainda a questão das comissões bancárias, frisando que tem sido “frutuoso” o diálogo com o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) a este respeito.

 

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