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Fed: Com subida dos juros quase certa, o foco do último discurso de Yellen está em 2018

Por esta altura, no ano passado, o mercado duvidava que a Fed subisse as taxas de juro três vezes em 2017. Esta quarta-feira, o banco central deverá provar-lhe o contrário e fazer novas previsões sobre a política monetária do próximo ano.
  • Joshua Roberts/Reuters
13 Dezembro 2017, 09h30

A presidente da Reserva Federal norte-americana, Janet Yellen, vai dar voz à reunião de política monetária dos EUA esta quarta-feira pela última vez. O mercado antecipa que o banco central anuncie a terceira subida dos Federal fund rates deste ano (e quinta desde 2015), pelo que o foco estará já no futuro ocupante do cargo, a partir de fevereiro, Jerome Powell.

“Os mercados estão a fazer uma aposta de 98% de probabilidade de uma subida dos juros da Reserva Federal, mas a questão mais interessante vai ser quantos aumentos esperar no próximo ano”, explicou o gestor de multi asset portfolio da Fidelity Internacional, Nick Peters.

Por esta altura, no ano passado, o mercado apontava para uma probabilidade de 17% que a Fed subisse os juros de referência três vezes este ano. Passado um ano, o cenário é o mesmo, com uma probabilidade estimada de 20% sobre três subidas e de 60% em relação a um ou dois aumentos em 2018.

“O altamente antecipado aumento dos juros nos EUA vai provar aos que duvidam que estão errados – a Fed vai seguir os pontos em 2017, algo que o mercado estava muito cético no ano passado”, refere Rick Patel, gestor de fixed income portfolio da Fidelity Internacional.

“Sendo a última conferência de imprensa de Janet Yellen, ela poderá seguir a tradição e ser menos prudente que o habitual e vamos estar atentos a qual comentário sobre aumentos salariais, mercado de trabalho e fatores transitórios de inflação. Com pouco espaço para surpresas para os investidores, o foco vai transitar para 2018 e o novo presidente, Jerome Powell, que vai assumir a liderança da Fed num território de rápida normalização e aperto monetário”, acrescentou Patel.

Fed pode fazer balançar o dólar

A fintech especializada em câmbio Ebury considera que com o aumento de 25 pontos base da taxa de referência da Fed praticamente garantido, “o dólar dos EUA será influenciado pelo tom das declarações e pela publicação do mais recente gráfico dot plot, o que deverá dar uma visão mais clara quanto ao ritmo de medidas restritivas adicionais em 2018″.

dot plot, ou o mapa de pontos que mostra as previsões das taxas de juros feitas pelos 17 membros do Federal Open Market Committee (FOMC), irá dar os primeiros sinais sobre os próximos passos que o banco central dos Estados Unidos poderá tomar. No desenho, deverá ter influência a substituição do governador demissionário Stanley Fischer no Conselho por Randal Quarles, defensor de uma política de taxas de juro mais agressiva.

Outra mudança desde a última reunião, em outubro, é que o Congresso está agora mais próximo de aprovar a reforma fiscal, que vai significar um corte nos impostos para as empresas para 20% dos atuais 35%. A curto prazo, as medidas podem representar um estímulo à economia norte-americana, que resulte numa aceleração do PIB do país de cerca de 0,5%.

“Os representantes da Fed têm vindo repetidamente a exprimir o seu desagrado face a um estímulo que consideram inoportuno, sugerindo que, em consequência, as taxas terão de subir mais do que seria necessário”, sublinhou a Ebury.

“Se a Fed sinalizar que se mantêm as probabilidades de três aumentos das taxas em 2018, mais investidores irão antecipar a próxima subida dos juros para o primeiro trimestre do ano novo. Consideramos que, até à reunião da Fed, os riscos para o dólar dos EUA tendem ligeiramente para uma evolução positiva. No nosso ponto de vista, os mercados financeiros continuam a subavaliar o ritmo dos aumentos das taxas no período previsional, existindo uma clara divergência entre as expectativas do mercado e as da Fed em relação a futuros aumentos”, acrescentou.

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