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Feira do Livro de Lisboa pensa a longo prazo e aposta na sustentabilidade

A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa traz na bagagem um novo conceito e um país convidado, a Ucrânia. A apresentação que teve lugar esta quarta-feira, na Estufa Fria de Lisboa, vestiu-se de verde e apontou ao futuro.
20 Julho 2022, 14h27

À 92ª edição, a Feira do Livro de Lisboa inaugura um novo capítulo na sua longa história. Se o espaço que vai ocupar, entre os dias 25 de agosto e 11 de setembro, é aquele a que já habituou o público, o emblemático Parque Eduardo VII, o conceito subjacente é novo e assenta em três pilares: a sustentabilidade, a integração com o espaço envolvente e melhorar a experiência para participantes e visitantes da Feira.

Decompondo a estratégia, os 140 participantes – número que ultrapassa em uma dezena a última edição – e que representam centenas de marcas editoriais, vão estar distribuídos por 340 pavilhões, mais 20 que na última edição, totalmente novos. Mais importante, foram construídos usando materiais totalmente recicláveis, com vista a reduzir a pegada ecológica de cada participante.

Aquela que será a maior edição de sempre da Feira do Livro de Lisboa (FLL) pretende, assim, nas palavras de Pedro Sobral, Presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), ser “um evento sustentável e alinhado com aquilo que também são as pretensões da cidade”.

No âmbito do segundo pilar do novo conceito da FLL, foi destacada a importância da “integração e harmonia” dos novos pavilhões e novas praças naquele que é “um cartão de visita icónico de Lisboa”, como realçou Pedro Sobral. O objetivo é obter ganhos substanciais face às edições anteriores, reduzindo o impacto ambiental do evento e tirando o máximo partido que é aportar aos novos equipamentos de capacidade modular.

Daqui se entronca no terceiro pilar, refletindo aquilo a APEL e editores e livreiros presentes na FLL notaram nos últimos três anos, i.e., “um número substancialmente maior de visitantes”, como sublinha o presidente da Associação. “Percebemos claramente que estávamos – e agora com um tom claramente otimista – a ganhar alguns leitores, nomeadamente nas camadas mais jovens, e, portanto, sentimos a necessidade de melhorar a experiência daqueles que nos visitam durante estas três semanas”, explicou na apresentação do novo conceito.

Na sua intervenção esta quarta-feira, Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, fez a ponte entre hábitos de leitura e a FLL, e entre esta e a indústria. “Quem tem hábitos de leitura são aqueles que conseguem ir mudando o mundo, que liga à criatividade, à inovação, mas também à exclusão, ao conseguirem trazer aqueles que estão fora e que conseguem ganhar esses hábitos de leitura. Há, realmente, um papel essencial da Feira, mas há, também, um papel em relação à indústria”. Bem como destacou a importância da missão que a Feira abraçou de focalizar-se “na sustentabilidade e na mudança dos nossos hábitos para combater as mudanças climáticas”.

Sustentabilidade foi uma expressão chave na intervenção de Carlos Moedas, mas o presidente da CML também quis salientar que “se há política que a Câmara Municipal quer fazer, é política da cultura”. Assim como o facto de Lisboa ser “uma cidade que recebe, aberta ao mundo”. E a FLL é, nesse aspeto, uma montra de abertura e convivialidade. A todos os níveis. E, em particular, entre autores e leitores. Daí que a Feira não esteja fechada ao que se passa no mundo. Prova disso será o país convidado para a 92ª edição, a Ucrânia, que terá um stand dedicado aos seus autores.

A Programação Cultural, que retoma o conceito e dimensão pré-pandemia, segue esse lastro de abertura e diversidade, tendo recebido, até ao momento, mil pedidos de participação. A programação completa será divulgada cerca de duas semanas antes do início da FLL, que este ano espera superar o meio milhão de visitantes – total alcançado em 2019.

Não obstante os desafios que a pandemia e o mercado têm colocado, os editores foram recetivos às propostas e novos conceitos apresentados, por considerarem que aqueles são importantes para “cumprir aquilo que é o seu papel, social e económico, que é promover os índices de leitura e de literacia”, sublinhou Pedro Sobral, acrescentando que, “na ausência de políticas públicas estruturantes, [os editores] nunca perderam este foco, este papel fundamental, sabendo que Portugal só pode ser um país mais desenvolvido, mais justo, mais solidário, mais inovador, se os índices de leitura foram universais, e desculpem a expressão, ‘banais’. Importa que “os portugueses percebam que a literacia não é só para o outro ou para quem pode, é para todos”, disse à laia de conclusão, antes de destacar o facto de editores e livreiros, “apesar dos tempos difíceis e da ausência dessas políticas públicas estruturantes”, estarem novamente presentes na Feira do Livro de Lisboa: “pequenos, grandes, editores de ficção, não-ficção, infantil ou adulto, apresentando uma enorme diversidade cultural, que a nós, APEL, muito nos orgulha, e que, apesar das dificuldades, continuam a querer andar para a frente e a promover os índices de literacia e leitura em Portugal”.

O futuro faz parte da equação e, consciente do impacto ambiental, social e económico da Feira do Livro de Lisboa, a APEL entendeu dar continuidade à promoção da reciclagem, numa parceria que agora reitera com a Sociedade Ponto Verde, investindo também na reutilização de materiais e na redução do consumo elétrico. Outras parcerias são mantidas – nomeadamente com operadores de transportes públicos – e novas são celebradas, caso da EMEL, para que a GIRA, o sistema público de bicicletas partilhadas, seja o transporte oficial da Feira do Livro de Lisboa.

As Bibliotecas Municipais de Lisboa continuarão presentes no evento, e prosseguirão a sua aposta na promoção de iniciativas destinadas ao público infantil, às famílias e às escolas. Paralelamente, tanto a Fundação Francisco Manuel dos Santos como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa irão desenvolver programação específica para a FLL.

A feira irá funcionar de segunda a quinta-feira, entre as 12h30 e as 22h; às sextas-feiras, entre as 12h30 e as 24h; aos sábados, entre as 11h e as 24h; e aos domingos, entre as 11h e as 22h. Este ano, e até ao momento, não estão previstas quaisquer restrições de acesso por motivos sanitários.

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