O antigo secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol e ex-chefe de Governo em Espanha Felipe Gonzalez considerou hoje que a atual conjuntura da Europa “exige que se pare com o austericídio”.
“Temos que admitir que a resposta estrutural e conjuntural foi errada. (…) Cabe ao movimento socialista e democrata, progressista, fazer caminho rumo a uma ‘economia social de mercado'”, disse Felipe Gonzalez no discurso de abertura da Conferência de Líderes dos Socialistas europeus, que decorre hoje em Madrid.
Felipe Gonzalez abriu os trabalhos, que vão decorrer à porta fechada e que contarão com a presença do secretário-geral do PS, Antonio Costa, bem como de vários primeiros-ministros europeus, como Manuel Valls (França), Victor Ponta (Roménia), Stefan Lofven (Suécia), bem como o vice-chanceler da Alemanha com a pasta da Economia e líder do SPD, Sigmar Gabriel, o presidente do Partido Socialista Europeu, Sergei Stanishev, e o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
Felipe Gonzalez realçou que a Europa – em vez de ter uma economia social de mercado – tem hoje uma “sociedade de mercado, onde um ser humano é mais uma mercadoria”.
“Como disse Manuel Valls, não poderemos avançar sem aumentar a competitividade global, e a competitividade da Europa tem de assentar na excelência. Isso significa educação e formação, educação e formação, inovação. A conjuntura exige que se pare com o austericídio. Acredito em contas equilibradas, mas sem uma austeridade suicida”, sublinhou o histórico socialista espanhol.
Sobre a Grécia, Felipe Gonzalez disse que a solução encontrada por Alexis Tsipras para a Grécia – um alívio da austeridade e melhores condições para o pagamento da dívida – “tem de ser acompanhada pela Europa”.
O antigo líder do PSOE salientou que “a Europa tem um desafio que é o de manter a sua unidade”, e referiu que “tem de parar o desígnio de Vladimir Putin” na Ucrânia e na Crimeia.
“Este não é um problema apenas da França e da Alemanha, é um problema da União Europeia [UE]”, sublinhou.
Outro dos temas em discussão na reunião de hoje dos socialistas europeus será o terrorismo internacional, especialmente o jihadismo.
“O terrorismo jihadista, o integrismo islamista é uma ameaça, mas principalmente contra os países árabes. Por cada europeu que morre num atentado islamita, mil árabes morrem em atentados semelhantes”, declarou Gonzalez, para quem o Ocidente não pode pensar que tem de resolver o problema sozinho.
A Liga Árabe, disse, é que tem de enfrentar o problema, com a ajuda do Ocidente.
“A UE é forte contra o terrorismo – não fraca como se costuma dizer – porque é democrática. Os fracos, os que não resistem são os países autoritários, como se vê na Venezuela e nos países árabes”, sublinhou.
No entanto, a UE tem falhado na luta contra o terrorismo, porque “os serviços de informação não colaboram entre si”.
OJE/Lusa