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Ferrovia 2020: apenas 8% das obras estão concluídas

Do total de obras previstas no Ferrovia 2020, que prevê um investimento global de cerca de dois mil milhões de euros, 71% encontram-se ainda em construção no terreno, enquanto os restantes 21% estão ainda mais atrasados, em fase de conceção ou ‘design’, revelou hoje o presidente da IP – Infraestruturas de Portugal, António Laranjo.
2 Fevereiro 2021, 18h00

Apenas 8% das obras previstas no Ferrovia 2020 estão concluídas, admitiu esta terça-feira, dia 2 de fevereiro, António Laranjo, CEO da IP – Infraestruturas de Portugal, numa intervenção na ‘Portugal Railway Summit 2021’, que decorre entre hoje e amanhã.

Do total de obras previstas no Ferrovia 2020, que prevê um investimento global de cerca de dois mil milhões de euros, para desenvolver obras em cerca de mil quilómetros de caminho-de-ferro, 71% encontram-se ainda em construção no terreno, enquanto os restantes 21% estão ainda mais atrasados, em fase de conceção ou ‘design’.

“Em termos de ponto de situação, o Ferrovia 2020, encontra-se numa fase decisiva do seu desenvolvimento, na qual, fica evidente a transição já concretizada, do projeto para a obra. Atualmente, o quadro de evolução evidencia um franco desenvolvimento real, com cerca de 80% do esforço em fase de obra (em contratação ou no terreno) ou mesmo já concluído (…)”, destacou António Laranjo na referida intervenção.

O presidente da IP sublinhou que, “em termos de empreitadas, se falarmos apenas nas que já estão em curso ou em contratação, contabilizamos 1.070 milhões de euros, ao que acresce cerca de 200 milhões de euros de sinalização e telecomunicações, em contratação ou já em curso, no regime conceção/construção”.

António Laranjo destacou algumas das intervenções de maior relevância, inseridas neste plano e “que estão em franco desenvolvimento”, como a linha entre Évora e Elvas, em execução no terreno, “a maior obra de construção de caminho-de-ferro deste século, entre Évora e Elvas; a reabertura da linha da Beira Baixa entre a Covilhã e Guarda; as intervenções na linha do Norte, “a nossa principal linha ferroviária”; a eletrificação da linha do Minho entre Viana do Castelo e Valença; e a modernização da linha da Beira Alta.

“E apesar de estarmos em pandemia há mais de dez meses, inclusive com extensos períodos em que esteve em vigor o Estado de Emergência, é de salientar que nenhuma obra foi parada”, destacou António Laranjo.

Dos dois mil milhões de investimento previstos no âmbito do Ferrovia 2020, 650 milhões de euros serão dirigidos para o CIS – Corredor Internacional Sul, enquanto 560 milhões de euros serão alocados ao CIN – Corredor Internacional Norte.

O corredor Norte/Sul, ou seja, a linha do Norte, entre Lisboa e o Porto, irá absorver 420 milhões de euros, ao passo que cerca de 460 milhões de euros irão ser canalizados para os corredores complementares, como a linha do Oeste, linha do Algarve e linha da Beira Alta.

Está também, prevista a eletrificação de cerca de 480 quilómetros de ferrovia, além da sinalização eletrónica de cerca de 400 quilómetros.

Metade deste montante de cerca de dois mil milhões de euros vai ser cofinanciado por fundos comunitários.

António Laranjo referiu-se também ao PNI2030 (Plano Nacional de Infraestruturas), que tem como objetivo ser “o instrumento de planeamento do próximo ciclo de investimentos estratégicos e estruturantes de âmbito nacional, para fazer face às necessidades e desafios das próximas décadas”.

Com um valor global de 43 mil milhões de euros, o PNI 2030 inclui investimentos em torno de quatro áreas temáticas: transportes e mobilidade; ambiente; energia; e regadio.

Na área de transportes e mobilidade, o PNI 2030 contempla um investimento de 22 mil milhões de euros, sendo que a ferrovia é o modo com maior peso, com quase 50% deste montante.

“No que diz respeito à ferrovia, o PNI 2030 complementa o Ferrovia 2020 e dá um salto disruptivo, ou seja, o Ferrovia 2020 está especialmente vocacionado para o transporte de mercadorias e para as ligações internacionais, focando a sua ação na recuperação dos ativos. Por outro lado, o PNI 2030 aposta no segmento de passageiros, designadamente no principal eixo estruturante nacional de Norte a Sul, contemplando investimentos disruptivos”, explicou o presidente da IP.

Segundo este responsável, “estão identificados 16 programas e projetos ferroviários, com um valor total de 10.510 milhões de euros, sendo que 13 dizem respeito à infraestrutura e três ao material circulante”.

“É um programa de investimentos ambicioso, mas que estamos empenhados em cumprir, estando a IP já a iniciar o desenvolvimento dos respetivos projetos”, assegurou António Laranjo.

De entre estes projetos, destaca-se o da nova linha ferroviária entre Lisboa e o Porto, que deverá custar cerca de 4.500 milhões de euros.

Esta linha será de alta velocidade, construída em linha dupla e implementada de forma faseada, começando pelo troço Porto-Soure, nas imediações de Coimbra.

Esta primeira fase da nova linha ferroviária Lisboa-Porto deverá exigir um investimento de cerca de 2.300 milhões de euros.

O projeto, que irá reduzir o tempo de viagem entre o Porto e Lisboa para 1h15m, vai começar a ser desenvolvido já no presente ano e deverá estar concluído em 2030.

A nova linha ferroviária entre Lisboa e o Porto irá também libertar a congestionada linha do Norte.

“Estamos também a adaptar a nossa capacidade produtiva, apostando no reforço e rejuvenescimento do nosso capital humano. Já integrámos 170 novos trabalhadores desde 2017 e temos atualmente em curso o mais importante programa de recrutamento na história da IP, num total de 215 novos trabalhadores”, concluiu António Laranjo.

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