A Festa do Jazz é, e tem sido ao longo dos anos, um ponto de encontro para os mais diversos públicos, críticos, promotores, músicos profissionais e estudantes de jazz de todo o país. Este ano, a edição tem um sabor ainda mais especial, pois assinala 20 edições ininterruptas a aglutinar gentes e saberes, e a fomentar as redes nacionais do jazz português.
É precisamente para dar visibilidade a esse borbulhar de vontades e talentos que nos dias 16, 17 e 18 de dezembro de 22, se vai colocar a tónica num dos pilares desta Festa: a inclusão. Neste caso, e nesta edição, “a inclusão de mulheres no programa em quase 50% dos grupos programados”, é para o diretor artístico Carlos Martins, “indissociável da luta que todos temos de travar para chamar mais mulheres ao jazz português que ainda é muito machista, como o resto da sociedade”.
Como o próprio explica, “não se podem «inventar» mulheres no jazz quando não existem nas escolas, nos grupos e na comunidade. O caminho é longo e de difícil percurso devido a questões culturais que, neste e noutros temas como o colonialismo ou o racismo institucional, por exemplo, contribuem para uma maior periferia portuguesa na Europa, além da geográfica”. Palavras que trazem à boleia otimismo – “Mas haveremos de conseguir” – e também a convicção de que a Festa do Jazz tem sido determinante para compreender este género musical em Portugal, nas duas últimas décadas.
Uma 20ª edição que se espraia por três espaços de Lisboa: o CCB – Centro Cultural de Belém, que acolhe o programa principal de concertos, o Picadeiro do Antigo Museu dos Coches, onde vai ter lugar o Encontro Nacional de Escolas de Jazz e dois concertos exclusivos, e a livraria Ler Devagar, no Lx Factory, que vai receber Jam Sessions à noite.
Às 21h00 de dia 16, no concerto “Convite à Cidade: 20 anos de Festa do Jazz”, vão subir ao palco do Grande Auditório do CCB Trilok Gurtu, Yuri Daniel, João Paulo Esteves da Silva e convidados: Carlos Martins, João Frade e Mário Delgado.
O programa musical conta ainda com Nazaré da Silva Quinteto, Lantana, Salvador Sobral e Marco Mezquida – que atuam em dueto – com o projeto JAZZOPA, composto por músicos de Portugal, Brasil e Espanha, ou ainda Marques/Cabaud Quarteto, entre muitos outros.
De salientar que, ainda recentemente, foi criada em conjunto com vários parceiros nacionais, a primeira Rede Portuguesa de Jazz, a Portugal Jazz, um projeto que consolida o percurso feito nos últimos 20 anos e que quer conjugar o jazz no futuro, fruto “dos inúmeros encontros e criações feitas pelos músicos portugueses de Jazz que são o centro da Festa”, como sublinha Carlos Martins.
Todos os concertos a ter lugar no CCB – Centro Cultural de Belém serão transmitidos ao vivo na RTP Palco, assim como estarão disponíveis na plataforma digital durante um ano.
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