A gestora de fundos Azimut entrou no capital da fintech brasileira Capitual especializada em criptoativos para financiar a expansão internacional, nomeadamente para a Europa. Entre os mercados para onde a Capitual se pretende expandir está a Itália e Portugal, apurou o Jornal Económico.
Na Europa, a Capitual obteve uma licença para fornecer serviços de criptoativos a partir da Itália. Com essa autorização, poderá levar ativos digitais para os outros mercados da União Europeia.
A fintech de criptoativos Capitual, antiga parceira comercial da Binance no Brasil, recebeu 15 milhões de euros da italiana Azimut, uma das maiores gestoras de ativos independentes da Europa. O objetivo do negócio é capitalizar a startup brasileira para atuar no mercado europeu. O acordo prevê ainda a expansão no México, onde a Azimut também tem uma operação relevante.
Recorde-se que o grupo Azimut anunciou a abertura de uma sucursal em Portugal através da sua filial luxemburguesa Azimut Investments em maio do ano passado.
A Azimut tem cerca de 80 mil milhões de euros de activos totais e tem clientes em 18 países. Será este fundo italiano que vai participar como principal investidor no aumento de capital de 15 milhões de euros da Capitual para financiar a sua expansão internacional.
A Capitual é uma plataforma fintech brasileira que funciona como ponte entre as criptomoedas e o financiamento tradicional ao serviço das bolsas de valores digitais, investidores privados e de empresas.
A Capitual está no mercado brasileiro desde 2019 e tem hoje mais de 4,5 milhões de clientes de moeda digital com um volume médio mensal de transacções de quase mil milhões de dólares.
Guilherme Nunes, CEO da Capitual, refere num comunicado que “a Capitual é capaz de transformar os serviços bancários em processos inteligentes, operando com activos criptográficos e moedas tradicionais, contribuindo para um elevado desempenho no sector financeiro utilizando tecnologias inovadoras relacionadas com a blockchain, fornecendo serviços ágeis, produtivos e eficientes, democratizando o acesso de pessoas e empresas aos criptoativos através de uma plataforma de pagamentos de nova geração”.
“Estamos realmente entusiasmados por alavancar a nova parceria com o Grupo Azimut e expandir a nossa operação a nível internacional”, acrescenta.
Premiado em 2022 como o “Melhor Banco de Criptomoedas” no Brasil pelos Crypto Awards, a Capitual posiciona-se como líder dentro da crescente indústria de activos digitais e planeia expandir as suas operações fora do Brasil, começando na Europa e no México, lê-se no comunicado avançado pela empresa.
As bolsas de valores digitais internacionais já clientes da Capitual no Brasil aguardam que a Capitual esteja operacional fora do Brasil para alargar e expandir geograficamente os seus acordos, revela a empresa.
“Para além da expansão das operações internacionais da Capitual, a colaboração entre os dois grupos permitirá à Capitual aproveitar o já estabelecido ecossistema fintech da Azimut na Europa e fornecer à Azimut uma sólida tecnologia financeira descentralizada capaz de interagir de forma contínua e fiável com o mundo dos investimentos tradicionais”, lê-se no comunicado.
Giorgio Medda, CEO e Global Head of Asset Management & Fintech do Grupo Azimut, na mesma nota, diz que “a Azimut tem sido pioneira na adopção de novas tecnologias na gestão de activos e apoiou com capital estratégico uma série de iniciativas fintech na Europa”.
Segundo Giorgio Medda, a Azimut desenvolve uma série de iniciativas na área de ativos digitais, incluindo gestão de fundos de criptomoedas, venture capital para investimento em startups e tokenização de fundos. A tokenização é o processo de transformar ativos físicos ou produtos financeiros tradicionais em ativos digitais.
A Azimut foi a primeira gestora de ativos do mundo a lançar, ainda em 2021, um token de valores mobiliários em parceria com o Sygnum Bank no mercado de Luxemburgo. O token representa cinco milhões de euros em títulos de dívida de PME italianas.
“Como gestor global de activos, estamos convencidos de que a tecnologia blockchain aplicada ao financiamento descentralizado está a redefinir as fronteiras da indústria de serviços financeiros tal como a conhecemos”, refere o CEO da Azimut.
“Acreditamos firmemente que a Capitual, que oferece sistemas de pagamentos e gestão, armazenamento e custódia em nuvem (cloud), cibersegurança e acesso por smartphone a carteiras de ativos digitais será quem aproveitará as maiores oportunidades de receita com a evolução dos ativos digitais, incluindo criptoativos”, diz o gestor que acrescenta que o objectivo é “apoiar a Capitual na sua fase de crescimento com um projecto de angariação de fundos através de um club deal que se segue a iniciativas semelhantes lideradas pelo Grupo, oferecendo uma oportunidade de investimento no valor fundamental inserido nos novos paradigmas dos serviços financeiros”.