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Fintechs divididas entre crescimento e controlos frágeis

As tecnológicas que são instituições financeiras, e vice-versa, têm registado um crescente número de clientes nos últimos anos. DBRS alerta para necessidade de auditorias internas.
21 Maio 2023, 14h00

O sector das empresas financeiro-tecnológicas (fintechs) prepara-se para ser uma trillion dolllar bab… Industry. No entanto, permanecem dúvidas sobre as contas certas e auditorias rigorosas destes operadores.

As fintechs globais deverão crescer seis vezes, de 245 mil milhões para 1,5 biliões até 2030, de acordo as previsões da BCG e da QED Investors. Mas, segundo a DBRS, o contexto económico atual traz riscos adicionais para os neobancos.

Aliás, nos últimos dois anos os reguladores europeus chegaram a identificar deficiências nos controlos de fraude e houve alguns que até foram investigados e multados. Para a agência de rating, a melhoria da lucratividade será a chave para a viabilidade de longo prazo das fintechs que têm licença bancária na Europa, casos da N26, Bunq, Revolut, Starling ou Monzo.

“Dado o contexto cada vez mais difícil para essas instituições neste panorama, vemos que o não cumprimento dos requisitos regulatórios e as suas possíveis implicações financeiras podem ameaçar as perspetivas de longo prazo do sector”, advertiu o analista Arnaud Journois. “Isso pode tornar dispendiosos os investimentos necessários para melhorar os controlos internos e cumprir os requisitos crescentes e cada vez mais desafiadores”, completou Dimitra Louka.

Para o diretor da Fintech Solutions, “o atual contexto de levantamento capital não é reflexo de menor interesse no ecossistema fintech, mas sim uma maior exigência para com a sustentabilidade operacional das startups”. “Este período vai permitir amadurecer as startups, mantendo uma rota de crescimento e consolidação”, garante António Veiga Ferrão ao Jornal Económico (JE).

Na opinião desta consultora, bem como da Eupago, os principais obstáculos das fintechs atualmente são regulamentação, concorrência de instituições financeiras, segurança e privacidade, confiança do cliente e acesso a capital ou mesmo redução do investimento.

Por cá, em 2022 as fintechs com ADN português operavam na área de empréstimos e créditos (22%), pagamentos e transferências de dinheiro (17%), blockchain e criptoativos (17%) e digitalização dos seguros ou insurtech (16%), o que constitui uma clara inversão relativamente ao panorama dos anos anteriores, quando os pagamentos e transferências reinavam e a blockchain ainda não tinha expressão significativa. Ainda assim os especialistas contactados pelo JE acreditam que o crescimento se irá manter.

“Os pagamentos poderão tender para uma comoditização, mas existe ainda um longo caminho a fazer e até lá vão manter um crescimento acelerado, que se deve em parte ao facto de ser uma camada transversal ao sector fintech e com impacto significativo na experiência do cliente e na eficiência interna das empresas”, defende António Veiga Ferrão.

A seu ver, os pagamentos são uma área composta por várias categorias, do combate à fraude aos pagamentos via smartphone. “O potencial de aplicação está ainda a ser explorado de temas como pagamentos em open banking ou pagamentos conta a conta. O crescimento destes subsegmentos será distinto e considero que será liderado por tendências mais abrangentes como banking as a service ou embedded finance, na qual o pagamento se torna uma parte fluída de experiências mais abrangentes”, explica o diretor da estrutura de consultoria da associação Portugal Fintech.

José Carlos Tomás, gestor de desenvolvimento de negócio da Eupago, antecipa a continuação do crescimento, como a BCG, porém deixa um alerta: “É preciso notar que esta estimativa de crescimento está enviesada pelo crescimento que se espera nos mercados com maior índice de clientes não “bancarizados” em percentagem dos consumidores. A nível mundial este indicador é ainda de 27%, mas na Europa é de 8% e nos Estados Unidos é de apenas 5%”.

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