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Fitch antecipa queda de 9,6% do comércio internacional de bens e serviços este ano

Recuperação do comércio internacional de bens compensou a queda acentuada do comércio mundial de serviços, prejudicado pelo colapso das viagens internacionais. Para 2021, a Fitch antecipa recuperação de 8%, abaixo dos níveis registados em 2010, devido à lenta recuperação do comércio de serviços.
16 Dezembro 2020, 11h44

A Fitch antecipa uma queda de 9,6% do comércio internacional de bens e serviços este ano.

Numa nota de análise divulgada esta quarta-feira, a agência de notação financeira norte-americana explicou que o comércio internacional de bens recuperou “rapidamente” desde abril, o que acabou por compensar a queda do comércio de serviços, que se deveu ao colapso das viagens internacionais.

A agência de notação explica que a recuperação do comércio de bens se deveu ao crescimento das exportações chinesas na China em outubro e que também foi impulsionada pelo aumento das importações de bens eletrónicos e de equipamento médico nos Estados Unidos e na União Europeia.

Ainda assim, a Fitch antecipa uma lenta recuperação do comércio internacional de serviços, que foi muito penalizada este ano com o colapso das viagens internacionais.

Por isso, para 2021, a agência de notação financeira antecipa uma subida de 8% do comércio internacional de bens e de serviços, abaixo da recuperação que se registou em 2010, depois da crise financeira que teve início dois anos antes.

“O comércio internacional de bens e serviços caiu de forma menos severa do que o esperado em 2020 e parece que vai cair menos do que em 2009, em termos anualizados, embora a queda do PIB mundial seja mais acentuada”, lê-se na nota intitulada “Economics Dashboard: World Trade Recovers as Goods Exports Rebound”.

A recuperação do comércio internacional de bens, que representou 77% do comércio internacional no ano passado, no terceiro trimestre deste ano estava 3,8% abaixo dos níveis registados no quarto trimestre de 2019 — período anterior à crise pandémica —, e está ainda a acelerar.

Em setembro deste ano, o comércio de bens estava 1,6% dos níveis registados em setembro de 2019, o que contrastou com a queda homóloga de 17,5% que ocorreu em maio deste ano.

A Fitch destacou a subida de 21% das exportações da China em outubro, mês em que as encomendas norte-americanas atingiram níveis recorde, o que sugere uma subida das importações dos Estados unidos.

Além disso, a recuperação do comércio internacional de bens deveu-se ao consumo de bens duráveis por causa “das alterações de consumo a nível global devido à pandemia” nos Estados Unidos.

“Isto tem, com a adoção do trabalho e consumo digital, aumentado as importações de produtos eletrónicos, enquanto a procura por equipamentos médicos também disparou, nos Estados Unidos e na Europa”, lê-se na nota.

As duas categorias de bens — produtos eletrónicos e equipamento médico — representaram 23,2% das importações norte-americanas e europeias, em conjunto, no terceiro trimestre de 2020, acima da subida registada no mesmo período do ano passado, que foi de 18,8%.

“Isto tem sido um factor que suportou a forte recuperação das exportações chinesas”.

Apesar disto, a Fitch notou que a estimativa do comércio mundial de bens e serviços no terceiro trimestre de 2020 estava 8,7% abaixo dos níveis do quarto trimestre de 2019, “ilustrando a derrocada do comércio dos serviços”.

A Fitch referiu que o valor combinados das importações de serviços nos Estados Unidos e na União Europeia caiu 32% entre dezembro de 2019 e abril, salientando que até a setembro, embora em menor escala, a queda era de 25%.

“Isto deveu-se ao colapso evidente das viagens internacionais”, frisa a nota.

“Embora as expectativas sobre a distribuição de vacinas aumentem a esperança, a possibilidade de novas medidas de confinamento permanecem um risco de pressão negativa”, lê-se.

Segundo os modelos económicos da Fitch, o comércio internacional de bens e serviços vai subir 8% no próximo ano, o que é uma subida “mais enfraquecida” do que a recuperação de 2010, “prejudicada pela lenta recuperação do comércio de serviços”.

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