A qualidade de crédito do setor bancário português fortaleceu-se devido a uma perspectiva melhor do ambiente operacional em 2021, diz a Fitch Ratings que alerta que em 2022 isso não se vai repetir.
“Recentemente revimos em alta da perspectiva do ambiente operacional do setor bancário de negativo para estável, refletindo a recuperação económica em curso de Portugal face ao choque da pandemia e a ausência de imparidades para crédito significativas, uma vez que a maioria das moratórias expirou no final de setembro de 2021 A melhoria do ambiente operacional contribuiu para a recente subida do rating da Caixa Geral de Depósitos para ‘BBB-‘ e para a melhoria da perspectiva do rating ‘B-‘ do Banco Montepio para Positiva. O Banco Montepio continuou também a fazer progressos significativos na redução dos seus ativos problemáticos, ao mesmo tempo que restabeleceu a sua posição de capital para níveis acima dos requisitos regulamentares”, diz a Fitch.
As receitas do setor recuperaram em 2021, “impulsionadas pelo forte crescimento das receitas de comissões e pela redução dos custos de refinanciamento devido ao uso significativo de operações de refinanciamento direcionadas de longo prazo (TLRO III). A rentabilidade beneficiou de um declínio acentuado nas imparidades para crédito, com os principais bancos a reportar um rácio médio de imparidades/empréstimos brutos de apenas 33 pontos base (em 2020 foi de 80 bp), ajudado por alguns efeitos positivos pontuais”, lê-se no comunicado.
A Fitch espera que a média das imparidades para crédito aumentem modestamente para 40 bp a 50bp em 2022. “Estimamos que cerca de 10% dos empréstimos que estavam anteriormente sob moratórias tenham sido classificados como Stage 3 [crédito malparado] no final de 2021 e esperamos apenas um ligeiro aumento em 2022. Os lucros da maioria dos bancos devem ser bastante resilientes em 2022, com um aumento modesto da margem financeira e melhoria da eficiência de custos, refletindo a redução do número de funcionários e sucursais”, refere a Fitch.
“Os riscos diretos do setor bancário decorrentes da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia são limitados. A exposição a contrapartes russas é de cerca de 150 milhões de dólares, de acordo com o Bank for International Settlements. No entanto, efeitos de segunda ordem do menor crescimento económico na zona do euro, do aumento da inflação e da redução da confiança dos consumidores e das empresas podem pesar na rentabilidade em 2022-2023”, conclui a Fitch.
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