A Fitch Ratings, especialista em créditos e análise dos mercados financeiros, espera que o preço nominal das casas “diminua ou desacelere substancialmente em 2023” para a maioria dos mercados do mundo. Impulsionadas pelo arrefecimento da procura – “devido às altas taxas das hipotecas” – a queda dos preços, já notada no segundo semestre deste ano, vai afetar particularmente os mercados da Austrália, Canadá, China, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos, segundo o estudo ‘Global Housing and Mortgage Outlook 2023’.
A envolvente será particularmente castigadora do mercado imobiliário. A Fitch prevê ainda um crescimento económico mais fraco, o crescimento do desemprego em 2023 para a maioria dos países. A recessão do Reino Unido continuará, “ao mesmo tempo que prevemos uma recessão leve na Zona Euro antes do final de 2022 e para os Estados Unidos a partir do segundo trimestre de 2023”.
“Os mercados imobiliários em países onde as taxas de hipoteca são predominantemente variáveis”, como é o caso de Portugal, “ou fixas por curtos períodos de tempo são particularmente vulneráveis” e os “atrasos nos pagamentos deverão surgir em pouco tempo – apesar de, em princípio, não virem a ter tanto impacto “como o observado durante a crise financeira global” a partir de 2007. A ‘salvar’ o mau ambiente do imobiliário estará “o património líquido dos donos, a regulamentação financeira mais rigorosa e o apoio oferecido por credores (bancos) e governos”.
Mesmo assim, “espera-se que os preços das casas permaneçam mais altos do que os níveis pré-pandêmicos.
Para além dos países especialmente vulneráveis à queda do preço das casas, a Fitch adianta não esperar “que os preços nominais das casas caiam na América Latina, em Itália e em Espanha, pois não houve um rápido aumento nos preços nos últimos dois anos e são países que usam de taxa fixa com prazos mais longos”. Mais uma vez, ao contrário de Portugal, onde os preços das casas subiram drasticamente nos últimos anos.
O estudo da Fitch, que não faz qualquer referência específica ao mercado imobiliário português, espera, por outro lado, que o crescimento do PIB global desacelere para 1,4% em 2023 – sendo “perspetivas de crescimento fraco”, ao mesmo tempo que “a inflação vai continuar alta”, o que “desafiará a maioria dos bancos centrais”.
No meio do desastre e da recessão no Reino Unido, Zona Euro e Estados Unidos, “a China é uma exceção, pois a inflação é administrável e as taxas de juros estão a cair”, num quadro em que o país tem em mãos mecanismos mais eficazes “de controlo de políticas fiscais e monetárias para evitar uma recessão mais profunda”.