Hadi Matar, suspeito de ter esfaqueado o romancista Salman Rushdie na semana passada, em Nova Iorque, vai comparecer em tribunal esta quinta-feira, segundo o procurador distrital de Chautauqua, Jason Schmidt, citado pelo “The Guardian”.
O homem de 24 anos é acusado de ter ferido Rushdie, de 75 anos, antes de o autor dar uma palestra no palco.
Em entrevista ao “New York Post”, o atacante disse que o ayatollah Khomeini foi uma “grande pessoa” e que tinha respeito” pelo antigo líder iraniano, depois de ter decretado a ‘fatwa’ a Rushdie por ter escrito os “Versículos Satânicos”.
O agressor disse que leu apenas “duas páginas” do livro e que assistiu a várias palestras online, considerando que o autor não é uma “boa pessoa” por ter “atacado o Islão” e as crenças dos muçulmanos, admitindo que ficou “surpreendido” quando soube que Rushdie sobreviveu ao ataque.
No sábado, o suspeito compareceu num tribunal do condado, onde se declarou inocente de uma acusação de tentativa de homicídio em segundo grau e de uma acusação adicional de agressão em segundo grau, após uma queixa criminal apresentada pelos procuradores, tendo sido detido sem caução.
Rushdie foi atacado 33 anos após o então líder supremo do Irão, Ayatollah Ruhollah Khomeini, ter emitido uma “fatwa” contra o autor nascido na Índia, apelando aos muçulmanos que assassinassem o autor a troco de 3,3 milhões de dólares.
O autor tinha resistido a 30 anos de ameaças dos radicais islâmicos.
Em 1998, o governo pró-reforma do Presidente Mohammad Khatami distanciou-se da “fatwa”, dizendo que a ameaça contra Rushdie, que viveu escondido durante nove anos – tinha acabado.
Salman Rushdie foi atacado na sexta-feira passada no palco da Chautauqua Institution, tendo sido golpeado mais de uma dezena de vezes no pescoço e no abdómen.
Na sequência do ataque, um grupo iraniano de pensadores religiosos próximos da Organização de Solidariedade dos Republicanos do Irão considerou o ataque a Salman Rushdie como um “sinal de crise na interpretação fundamentalista do Islão”, criticando as posições da comunicação social próxima da Guarda Revolucionária (IRGC) pelo apoio implícito a esse ataque, referem alguns jornais do país.
“Estamos totalmente ao lado das vítimas do terror e não acreditamos no Islão que autoriza esse terror (…). A interpretação extremista e maldosa do Islão é fundamentalmente diferente da perceção tradicional da grande maioria dos muçulmanos sobre a sua religião”, é defendido no comunicado.
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