Big Data, Blockchain, Inteligência Artificial… todos os grandes avanços tecnológicos estão, de alguma forma, incorporados nos programas de formação para executivos. Ainda durante o programa ou talvez mais tarde, esse conhecimento poderá ser a alavanca que permite criar um novo negócio. Afinal, a economia baseada no conhecimento tem base tecnológica e alimenta-se da inovação.
“As escolas de gestão têm procurado atualizar os planos de estudo, incluindo tópicos relacionados com avanços tecnológicos que vão permitir a criação de novos negócios. Nessa medida, têm contribuído para preparar quem frequenta a formação para novas realidades”, explica Pedro Torres, coordenador do MBA para Executivos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, ao Jornal Económico (JE).
Esta dinâmica de responder aos desafios e em alguns casos antecipar respostas é comum às melhores escolas de executivos, independentemente da sua natureza pública ou privada. Exemplo. A Escola de Formação de Executivos da Católica Porto Business School vai lançar um programa, inovador a vários títulos, a começar na forma: uma parceria com a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários .
Carlos Vieira, diretor desta Escola de Executivos, explica ao JE que o objetivo é “tirar partido da comunidade que procura a ANJE para apoio à constituição de start-ups”. Com o programa pretende-se captar essencialmente dois segmentos de mercado, com objetivos distintos: jovens empreendedores que, sendo recém-licenciados ou já inseridos num quadro empresarial, “tenham vontade de desenvolver uma ideia de negócio própria e implementá-la, necessitando de apoio para tal” e, por outro lado, captar empresários recém-estabelecidos, que “num contexto que se adivinha complexo, percebam que têm necessidade ou espaço para desenvolver o seu negócio ou ideia de negócio de forma a torná-lo sustentável ou mais rentável”.
Da universidade para o mercado
José Crespo de Carvalho, presidente e CEO do ISCTE Executive Education, recorre ao ranking de corporate (onde figura como a instituição em Portugal que mais cresceu e a 5.ª no mundo) para ilustrar o compromisso e o arrojo da formação ministrada. “Isto revela que, ou ajudamos a criar empresas, ou a crescer empresas, e nós crescemos com isso mesmo”. Adianta que as àreas da Inteligência Artificial, Vendas Complexas, Big Data, Supply Chain e outras deram origem a múltiplas empresas – “da universidade para o mercado”.
Não inovar, sim, seria o problema. Ainda assim há que continuar o caminho. “Temos de inovar mais ainda que todos os demais”. No ISCTEExecutive Education, a inovação tem tido o farol na internacionalização. “Somos a primeira escola, sublinho a primeira de formação de executivos em Portugal mais bem pontuada em termos combinados de alunos internacionais e de locais de proveniência internacional”, refere, citando o Financial Times rankings de 2023.
“Isso revela claramente o esforço de inovação, não apenas para consumo interno, mas a estratégia de internacionalização que iniciámos há quatro anos e que esteve interrompida pela pandemia”.
Já este mês, a Escola realizou um intake para novas pós-graduações e promete mais novidades até final de 2023. “Teremos, pelo menos, pós-graduações em inteligência artificial, em vendas complexas, em desenvolvimento pessoal e profissional, em bolsa e mercados financeiros, em branding e em empreendedorismo (este último num formato totalmente novo)”, revela.
A estrela dos MBA
Que lugar ocupa a inovação nos vossos programas? Maria José Amich, diretora executiva do The Lisbon MBA Católica | Nova, salienta a missão do consórcio — “formar Principled Global Leaders capazes de criar um impacto positivo nos negócios e na sociedade” — e a “experiência única de transformação, num contexto de aprendizagem internacional e com foco em inovação e empreendedorismo”. Os pressupostos incluem “rigor académico” e “adaptação do currículo ao contexto global do negócio”, o que resulta numa “revisão contínua dos conteúdos, casos, cadeiras… que incorporem as tendências de vanguarda de gestão e liderança”.
A transformação digital dos modelos de negócio, a integração da inteligência artificial e da automatização, a agilidade e a liderança colaborativa e distribuída são essas tendências. O propósito — explica Maria José Amich — “é que os nossos alunos consigam encontrar soluções inovadoras aos desafios cada vez mais complexos, a par de liderar equipas high performance com sucesso”.
Esta experiência de aprendizagem em que o aluno desenvolve as competências como gestor e líder para estar na linha da frente do desenvolvimento tecnológico, inclui cadeiras como: “Strategic Management of Innovation”, “Capturing Value from Technological Innovation ou Technological Innovation for Disruptive Strategies”, “Artificial Intelligence Impact Impact on Business e Data-driven Decision Making & Business Analytics”. O currículo dos programas do The Lisbon MBA integra conceitos, discussão de casos e temas relacionados com os critérios ESG (Environment, Social & Governance), de forma transversal em todas as cadeiras, seja marketing, finanças, operações ou recursos humanos.
Maria José Amich destaca ainda o programa de imersão no MIT Sloan, focado na inovação tecnológica e empreendedorismo, temas nos quais, salienta, o MIT é pioneiro a nível mundial, como Disciplined Entrepreneurship com Bill Aulet, premiado como o melhor professor nos EUA nesta área, ou Capturing Value from Technological Innovation. Adicionalmente, acrescenta, os alunos podem aprofundar cadeiras relacionadas com a inovação nos programas de intercâmbio com outros MBAs de prestígio, como o de St Gallen, na Suíça, ou Esade, na Catalunha (Espanha). Por seu turno, as parcerias do The Lisbon MBA com a Startup Lisboa e a empresa LBC Innovative Transformation, providenciam “a oportunidade” de “aprender fazendo’”.
Inovação na Católica Porto Business School
“O mindset de empreendedorismo, inovação e de novos negócios faz parte dos nossos vários programas”, diz Carlos Vieira, diretor executivo da Formação Executiva da Católica Porto Business School ao JE. É transversal às licenciaturas, mestrados e até aos programas de Verão da Teen Academy.
Nos programas, explica, a inovação vai desde “os conteúdos incluídos em cada programa, à forma como são desenhados os próprios programas, com Pós-Graduações Modulares, em que os candidatos podem escolher os módulos, passando pela forma como os parceiros, empresas e executivos são envolvidos” nos processos.
Particularmente na área de formação executiva, o modelo de governance na Escola passa por uma ligação forte a stakeholders do mundo empresarial e do sector científico nacional e internacional, salienta Carlos Vieira, dando como exemplo a recém-criada Pós-Graduação em Managing with Analytics, numa parceria com a Data Science Portuguese Association.
Carlos Vieira junta mais um tema ao debate. “Um dos maiores desafios do século XXI é o balanço entre vida profissional e pessoal. E nós temos um programa executivo de curta duração “Business+Career | Walking Mentorship” especialmente pensado para apoiar os executivos neste equilíbrio”.
… na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Pedro Torres, professor associados da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, destaca o papel da inovação nos programas da Faculdade, nomeadamente no MBA para Executivos de que é coordenador. “Além da existência de uma unidade curricular sobre inovação nas organizações, o programa inclui um Bootcamp de Inovação que tem em vista o desenvolvimento de novos negócios”. Este bootcamp é dinamizado pelo Instituto Pedro Nunes, incubadora de base tecnológica de referência mundial. Também inclui masterclasses relacionadas com inovação.
Na Universidade de Coimbra não está prevista a criação de novos programas até ao final do ano nesta área, mas, adianta Pedro Torres, haverá lugar à realização de novas masterclasses no MBA sobre temas atuais, como por exemplo a inteligência artificial, que visam promover a inovação.
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