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Formação impulsiona criação de novos negócios

“As escolas de gestão têm procurado atualizar os planos de estudo, incluindo tópicos relacionados com avanços tecnológicos que vão permitir a criação de novos negócios. Nessa medida, têm contribuído para preparar quem frequenta a formação para novas realidades”, explica Pedro Torres, coordenador do MBA para Executivos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, ao Jornal Económico (JE).
27 Maio 2023, 12h00

Big Data, Blockchain, Inteligência Artificial… todos os grandes avanços tecnológicos estão, de alguma forma, incorporados nos programas de formação para executivos. Ainda durante o programa ou talvez mais tarde, esse conhecimento poderá ser a alavanca que permite criar um novo negócio. Afinal, a economia baseada no conhecimento tem base tecnológica e alimenta-se da inovação.

“As escolas de gestão têm procurado atualizar os planos de estudo, incluindo tópicos relacionados com avanços tecnológicos que vão permitir a criação de novos negócios. Nessa medida, têm contribuído para preparar quem frequenta a formação para novas realidades”, explica Pedro Torres, coordenador do MBA para Executivos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, ao Jornal Económico (JE).

Esta dinâmica de responder aos desafios e em alguns casos antecipar respostas é comum às melhores escolas de executivos, independentemente da sua natureza pública ou privada. Exemplo. A Escola de Formação de Executivos da Católica Porto Business School vai lançar um programa, inovador a vários títulos, a começar na forma: uma parceria com a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários .
Carlos Vieira, diretor desta Escola de Executivos, explica ao JE que o objetivo é “tirar partido da comunidade que procura a ANJE para apoio à constituição de start-ups”. Com o programa pretende-se captar essencialmente dois segmentos de mercado, com objetivos distintos: jovens empreendedores que, sendo recém-licenciados ou já inseridos num quadro empresarial, “tenham vontade de desenvolver uma ideia de negócio própria e implementá-la, necessitando de apoio para tal” e, por outro lado, captar empresários recém-estabelecidos, que “num contexto que se adivinha complexo, percebam que têm necessidade ou espaço para desenvolver o seu negócio ou ideia de negócio de forma a torná-lo sustentável ou mais rentável”.

Da universidade para o mercado
José Crespo de Carvalho, presidente e CEO do ISCTE Executive Education, recorre ao ranking de corporate (onde figura como a instituição em Portugal que mais cresceu e a 5.ª no mundo) para ilustrar o compromisso e o arrojo da formação ministrada. “Isto revela que, ou ajudamos a criar empresas, ou a crescer empresas, e nós crescemos com isso mesmo”. Adianta que as àreas da Inteligência Artificial, Vendas Complexas, Big Data, Supply Chain e outras deram origem a múltiplas empresas – “da universidade para o mercado”.

Não inovar, sim, seria o problema. Ainda assim há que continuar o caminho. “Temos de inovar mais ainda que todos os demais”. No ISCTEExecutive Education, a inovação tem tido o farol na internacionalização. “Somos a primeira escola, sublinho a primeira de formação de executivos em Portugal mais bem pontuada em termos combinados de alunos internacionais e de locais de proveniência internacional”, refere, citando o Financial Times rankings de 2023.

“Isso revela claramente o esforço de inovação, não apenas para consumo interno, mas a estratégia de internacionalização que iniciámos há quatro anos e que esteve interrompida pela pandemia”.

Já este mês, a Escola realizou um intake para novas pós-graduações e promete mais novidades até final de 2023. “Teremos, pelo menos, pós-graduações em inteligência artificial, em vendas complexas, em desenvolvimento pessoal e profissional, em bolsa e mercados financeiros, em branding e em empreendedorismo (este último num formato totalmente novo)”, revela.

A estrela dos MBA
Que lugar ocupa a inovação nos vossos programas? Maria José Amich, diretora executiva do The Lisbon MBA Católica | Nova, salienta a missão do consórcio — “formar Principled Global Leaders capazes de criar um impacto positivo nos negócios e na sociedade” — e a “experiência única de transformação, num contexto de aprendizagem internacional e com foco em inovação e empreendedorismo”. Os pressupostos incluem “rigor académico” e “adaptação do currículo ao contexto global do negócio”, o que resulta numa “revisão contínua dos conteúdos, casos, cadeiras… que incorporem as tendências de vanguarda de gestão e liderança”.

A transformação digital dos modelos de negócio, a integração da inteligência artificial e da automatização, a agilidade e a liderança colaborativa e distribuída são essas tendências. O propósito — explica Maria José Amich — “é que os nossos alunos consigam encontrar soluções inovadoras aos desafios cada vez mais complexos, a par de liderar equipas high performance com sucesso”.

Esta experiência de aprendizagem em que o aluno desenvolve as competências como gestor e líder para estar na linha da frente do desenvolvimento tecnológico, inclui cadeiras como: “Strategic Management of Innovation”, “Capturing Value from Technological Innovation ou Technological Innovation for Disruptive Strategies”, “Artificial Intelligence Impact Impact on Business e Data-driven Decision Making & Business Analytics”. O currículo dos programas do The Lisbon MBA integra conceitos, discussão de casos e temas relacionados com os critérios ESG (Environment, Social & Governance), de forma transversal em todas as cadeiras, seja marketing, finanças, operações ou recursos humanos.

Maria José Amich destaca ainda o programa de imersão no MIT Sloan, focado na inovação tecnológica e empreendedorismo, temas nos quais, salienta, o MIT é pioneiro a nível mundial, como Disciplined Entrepreneurship com Bill Aulet, premiado como o melhor professor nos EUA nesta área, ou Capturing Value from Technological Innovation. Adicionalmente, acrescenta, os alunos podem aprofundar cadeiras relacionadas com a inovação nos programas de intercâmbio com outros MBAs de prestígio, como o de St Gallen, na Suíça, ou Esade, na Catalunha (Espanha). Por seu turno, as parcerias do The Lisbon MBA com a Startup Lisboa e a empresa LBC Innovative Transformation, providenciam “a oportunidade” de “aprender fazendo’”.

Inovação na Católica Porto Business School
“O mindset de empreendedorismo, inovação e de novos negócios faz parte dos nossos vários programas”, diz Carlos Vieira, diretor executivo da Formação Executiva da Católica Porto Business School ao JE. É transversal às licenciaturas, mestrados e até aos programas de Verão da Teen Academy.

Nos programas, explica, a inovação vai desde “os conteúdos incluídos em cada programa, à forma como são desenhados os próprios programas, com Pós-Graduações Modulares, em que os candidatos podem escolher os módulos, passando pela forma como os parceiros, empresas e executivos são envolvidos” nos processos.

Particularmente na área de formação executiva, o modelo de governance na Escola passa por uma ligação forte a stakeholders do mundo empresarial e do sector científico nacional e internacional, salienta Carlos Vieira, dando como exemplo a recém-criada Pós-Graduação em Managing with Analytics, numa parceria com a Data Science Portuguese Association.

Carlos Vieira junta mais um tema ao debate. “Um dos maiores desafios do século XXI é o balanço entre vida profissional e pessoal. E nós temos um programa executivo de curta duração “Business+Career | Walking Mentorship” especialmente pensado para apoiar os executivos neste equilíbrio”.

… na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Pedro Torres, professor associados da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, destaca o papel da inovação nos programas da Faculdade, nomeadamente no MBA para Executivos de que é coordenador. “Além da existência de uma unidade curricular sobre inovação nas organizações, o programa inclui um Bootcamp de Inovação que tem em vista o desenvolvimento de novos negócios”. Este bootcamp é dinamizado pelo Instituto Pedro Nunes, incubadora de base tecnológica de referência mundial. Também inclui masterclasses relacionadas com inovação.

Na Universidade de Coimbra não está prevista a criação de novos programas até ao final do ano nesta área, mas, adianta Pedro Torres, haverá lugar à realização de novas masterclasses no MBA sobre temas atuais, como por exemplo a inteligência artificial, que visam promover a inovação.

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