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Fortera diz que vai “colaborar ativamente com a justiça”

O Grupo Fortera assumiu hoje que irá “colaborar ativamente com a justiça”, em reação à detenção do seu diretor-executivo e fundador, Elad Dror, na “Operação Babel”, que investiga projetos imobiliários a rondar os 300 milhões de euros.
  • Cristina Bernardo
16 Maio 2023, 19h04

“O grupo Fortera vem, por este meio, esclarecer e confirmar que Elad Dror se encontra, esta tarde, dia 16 de maio de 2023, nas instalações da Polícia Judiciária (PJ) no Porto e que irá colaborar com a Justiça para o esclarecimento de qualquer facto que lhe possa ser imputado. Neste momento, não há ainda conhecimento dos contornos que serão necessários esclarecer”, refere a empresa, em comunicado enviado à agência Lusa.

O grupo, com sede em Vila Nova de Gaia, com capitais israelitas e que se dedica aos negócios e à promoção imobiliária adianta “que tem em curso um investimento relevante na área” deste município do distrito do Porto, admitindo que “poderá ser em torno do mesmo que será necessário prestar esclarecimentos”.

“Reafirmamos que iremos colaborar ativamente com a investigação. À medida que seja necessário, informaremos os órgãos de comunicação social sobre novos desenvolvimentos”, lê-se no comunicado.

O diretor-executivo e fundador do Grupo Fortera, Elad Dror, é um dos sete detidos hoje pela PJ durante a “Operação Babel”.

A detenção foi avançada à agência Lusa por fonte judicial, acrescentando que um segundo empresário do ramo imobiliário detido nesta investigação (Paulo Malafaia) já o havia sido no âmbito da “Operação Vórtex”, ao abrigo da qual o ex-presidente da Câmara de Espinho Miguel Reis se encontra em prisão preventiva.

O vice-presidente do município de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo (PS), que tem o pelouro do Planeamento Urbanístico e Política de Solos, Licenciamento Urbanístico, Obras Municipais e Vias Municipais, e dois funcionários da câmara do Porto, um deles chefe de uma divisão da área urbanística e outro com ligações a esta divisão, também foram detidos.

A PJ deteve ainda um técnico superior da Direção Regional de Cultura do Norte e um jurista, acrescentou a mesma fonte à Lusa.

Está previsto que os sete detidos, todos homens, sejam presentes a primeiro interrogatório judicial, a partir de quarta-feira, ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para aplicação de medidas de coação.

A “Operação Babel centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”, explicou a PJ, em comunicado.

“Nesta fase, foram já constituídos 12 arguidos, estando os detidos, um titular de cargo político [vice-presidente da autarquia de Gaia], dois funcionários de serviços autárquicos, um funcionário de Direção Regional de Cultura do Norte, dois empresários e um profissional liberal, indiciados pela prática dos crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, corrupção ativa e passiva, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político”, deu conta a PJ.

A autarquia de Gaia já garantiu que, “como é evidente, todos os elementos foram fornecidos” [à PJ] e que o presidente da câmara municipal, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), “deu indicação expressa aos serviços para a cedência de todos os elementos necessários às averiguações legais”.

Segundo aquela autarquia, “as questões ficaram devidamente documentadas, mantendo-se os serviços em disponibilidade total para colaborar com a Justiça e com a investigação”.

Em comunicado ao final da manhã, a Câmara Municipal do Porto afirmou que as buscas da PJ nos serviços municipais do urbanismo não visam o município, mas empresas privadas com processos urbanísticos ali a tramitar.

Além disso, a autarquia confirmou que a PJ estava a analisar dois telemóveis, sem avançar a quem pertencem.

Anteriormente, fonte da Câmara do Porto confirmou terem sido apreendidos os telemóveis do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e de uma chefe de divisão do Urbanismo.

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