França: Portugueses dividem-se “entre a peste e a cólera”

Os apoiantes portugueses de François Fillon, Benoît Hamon e Jean-Luc Mélenchon vão seguir os conselhos dos candidatos derrotados: uns vão “combater a Frente Nacional” e outros recusam escolher entre “uma fascista e um neo-liberal”, noticia a Lusa.

Cristina Semblano, apoiante de Jean-Luc Mélenchon, disse que não vai apoiar nenhum candidato na segunda volta. A apoiante destacou ainda que o líder de A França Insubmissa “agiu de forma democrática” ao não dar um conselho de voto aos seus eleitores.

“Acho triste. Estamos perante uma escolha entre uma fascista e um neoliberal que vai intensificar as políticas de François Hollande, essas mesmas políticas que provocam a ascensão da extrema-direita. Estamos na mesma situação que em 2002, vamos ter de escolher entre a peste e a cólera”, afirmou a economista.

Paulo Marques, apoiante do conservador François Fillon, afirmou à Lusa que vai votar em Emmanuel Macron, a 7 de maio.

“Eu votarei Macron porque é impensável votar na outra candidata. Eu vou comemorar 30 anos de política, comecei aos 18 anos porque para dar voz à comunidade portuguesa era necessário integrar os órgãos de decisão franceses. Obviamente, não posso deixar que a candidata à segunda volta possa denegrir e excluir o que faz a base identitária da França que é a pluralidade, nomeadamente, com a comunidade portuguesa”, afirmou o vereador de Aulnay-sous-Bois, nos arredores de Paris.

Para Hermano Sanches Ruivo, apoiante do candidato do Partido Socialista (PS), a sua propridade “é claramente combater a Frente Nacional. O meu trabalho nos próximos 15 dias é convencer – incluindo alguns franceses de origem portuguesa – que o projeto de Marine Le Pen não tem de maneira nenhuma viabilidade”, indicou o franco-português.

Os dados da primeira volta das eleições presidenciais em França, quando estavam apurados 97% dos votos, indicam que o centrista Emmanuel Macron obteve 23,86%, enquanto Le Pen conquistou 21,43%, disputando a segunda volta, dentro de duas semanas, a 7 de maio.

Em terceiro lugar ficou o François Fillon, com 19,94%, enquanto Jean-Luc Mélenchon obteve 19,62% dos votos. O socialista Benoît Hamon obteve uma derrota histórica para o seu partido, com 6,35% dos votos.