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Frankfurt não quer banqueiros londrinos (por várias razões)

A capital financeira alemã poderá receber até 10 mil novos banqueiros e acrescentar mais de 85 milhões de euros à sua receita anual, mas os locais não estão muito contentes com a ideia.
17 Outubro 2017, 09h36

Os residentes da cidade alemã recordam a chegada do Banco Central Europeu e os seus efeitos, referindo que a chegada de uma nova vaga de banqueiros será prejudicial à cidade. Os banqueiros de Londres também não estão muito entusiasmados com a possível mudança.

Até agora, Frankfurt está na liderança dos destinos prováveis dos bancos no seguimento do Brexit, com nove instituições a declarar abertamente que vão transferir para aquela cidade alemã vários dos seus postos de trabalho. Segundo a Bloomberg, a capital financeira alemã poderá receber até 10 mil novos banqueiros e acrescentar mais de 85 milhões de euros à sua receita anual. Mas os locais não estão muito contentes com a ideia, referindo que o Brexit acentuará as diferenças entre os residentes, com base nos seus rendimentos.

Além disso, os residentes temem o aumento do custo de vida que a mudança poderá trazer. Atualmente, e apesar de estar a crescer, a renda de casa mais comum representa um total de 55% do salário líquido médio, ao contrário dos 135% que vale em Londres, segundo o índice global da Bloomberg nesta matéria.

Da mesma forma, os banqueiros londrinos não estão muito entusiasmados com a mudança. A agência refere que pelo menos uma dúzia de banqueiros inquiridos revela não ter grande interesse em mudar-se para a cidade alemã, sendo a diferença no ritmo de vida o motivo mais evocado.

Em setembro, John Cryan, CEO do Deutsche Bank dizia numa conferência que, se Frankfurt quisesse capitalizar provável mudança dos banqueiros de Londres para a cidade deveria aumentar as suas infraestruturas com “cerca de mais 12 salas de espetáculos e algumas centenas de restaurantes”.

Os residentes recordam ainda a chegada do Banco Central Europeu, em 1999, que representou a mudança de cerca de quatro mil profissionais estrangeiros para a cidade, o que gerou a implementação de escolas internacionais, restaurantes e lojas, bem como a mudança da instituição para o bairro de Ostend, onde atualmente ocupa um prédio de 43 andares.

A cidade foi lentamente sendo alterada, para acomodar os costumes dos novos residentes. Exemplo é a zona ribeirinha, onde todas as sextas à noite os passeios se enchem de banqueiros, que prolongam as suas conversas noite dentro.

Esta alteração tem levado a que os moradores tenham vindo a ser “empurrados” para fora da cidade, com novos blocos de apartamentos a tomarem o lugar de antigos armazéns, algo que Tobias Schmitz, da ONG Tenants Help Tenants – que ajuda os inquilinos a negociar com os senhorios – acredita ficará pior com a chegada de mais banqueiros, empurrados para Frankfurt pelo Brexit. “Frankfurt ficaria melhor se mais bancos optassem por ir para Paris”, conclui Schmitz.

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