O governo do Kosovo adiou por um mês a implementação de novas regras de fronteira para os que entram no país – estando a obrigar os cidadãos da Sérvia a substituir os seus documentos por outros durante a sua estadia no país. O problema vem na sequência de uma decisão de há alguns meses, segundo a qual os sérvios étnicos que possuem placas de veículos emitidas pela Sérvia teriam que trocá-las por placas do Kosovo se entrassem neste país.
Estas decisões têm feito regressar a tensão entre os dois países – sendo de recordar que a Sérvia não reconhece a existência do Kosovo, unilateralmente proclamada em 2008, como país independente.
A polícia fechou duas passagens de fronteira com a Sérvia no domingo passado após terem-se verificado incidentes. O primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, disse que o fecho das passagens foi um movimento recíproco, já que o governo de Belgrado exige o mesmo dos cidadãos do Kosovo que entram na Sérvia.
Entretanto, depois de se encontrar com o embaixador dos Estados Unidos no Kosovo, Jeffrey Hovenier, o governo do país deu a conhecer a sua decisão de este novo regime fronteiriço ser adiado por 30 dias. O regime kosovar afirma-se interessado em que “todas as barreiras sejam removidas e que a liberdade total de movimento seja estabelecida”.
O chefe da diplomacia externa da União Europeia, Josep Borrell, elogiou a decisão e disse no Twitter que espera que “todos os obstáculos sejam removidos imediatamente”, acrescentando que as questões em aberto devem ser abordadas através do diálogo facilitado pela União e centrar-se na normalização abrangente das relações entre o Kosovo e a Sérvia.
Na noite de domingo, centenas de sérvios estacionaram camiões e outros veículos pesados nas estradas em direção aos cruzamentos de Jarinje e Brnjak, em direção à fronteira, bloqueando o tráfego.
As forças de paz lideradas pela NATO (a missão KFOR) disseram em comunicado que a situação no norte de Kosovo, na fronteira com a Sérvia, é “tensa” e que está preparada para intervir “se a estabilidade for ameaçada”.
Esta escalada da tensão dá-se numa altura em que a União e vários dos seus dirigentes mais proeminentes – como o chanceler alemão Olaf Sholz – se vêm desdobrando em manobras diplomáticas para resolver questões pendentes um pouco por todos os Balcãs Ocidentais, na tentativa de apressar a sua integração nos 27. Parece claro que a pressa da União não compagina com a demora em resolver esses problemas, o que resultará, segundo os críticos, numa de duas coisas: ou a entrada destes países na União é retardada até que se resolvam os problemas; ou os países entram no bloco com todos os estes problemas por resolver, o que, a prazo, será uma fonte de grande tensão interna.