Alguns funcionários do Consulado Geral de Portugal em Londres pediram apoio social do Governo britânico porque o salário que recebem é considerado demasiado baixo para poderem subsistir na capital do Reino Unido.
Um funcionário, que pediu para manter o anonimato, disse à agência Lusa que o pedido que fez no ano passado “foi aceite automaticamente” porque as autoridades britânicas reconheceram as dificuldades e atribuíram-lhe um subsídio para pagamento da renda de alojamento.
Do ordenado, que ronda as mil libras por mês, queixa-se este funcionário, não resta nada ao fim do mês depois de pagar o T1 que divide com um amigo, transportes e alimentação na cidade com um dos mais elevados custos de vida do mundo.
“É extremamente baixo para a quantidade de trabalho e a responsabilidade que temos. Atendemos pelo menos 30 pessoas por dia e mexemos em documentos e informação importante. É vergonhoso”, lamentou.
A situação, adiantou, arrasta-se há vários anos, mas agravou-se devido aos cortes salariais impostos aos funcionários públicos e à desvalorização do valor do euro em 12% face à libra esterlina nos últimos 12 meses: o salário é pago em euros, mas convertido na divisa britânica.
Os salários baixos estendem-se a funcionários da embaixada e do consulado de Portugal em Manchester, embora, neste último caso, seja amenizada por o custo de vida não ser tão elevado como em Londres, admitiu.
O secretário-geral-adjunto do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE), Alexandre Vieira, confirmou à Lusa existirem mais casos “no limite da sobrevivência” naquele posto diplomático: “Há pessoas que têm de partilhar quartos”.
Porém, confiou, alguns têm “demasiada vergonha” para pedir ajuda à assistência social dos serviços britânicos.
Em outubro do ano passado, 15 funcionários dos consulados de Londres e Manchester entregaram ao embaixador João de Vallera um abaixo assinado onde pediam a intervenção junto do Governo “com a máxima urgência”.
OJE/Lusa