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Fundada a associação Comporta.Utopia que se assume “contra a construção abusiva na Comporta”

Foi fundada a associação Comporta.Utopia inspirada por Louis Albert de Broglie (que é um dos interessados na compra do ativos da Comporta) e presidida por Pedro Bingre do Amaral, “que vai constituir-se como stakeholder relevante no processo de venda e, em sequência, no processo de desenvolvimento do que venha a ser construído na Comporta”, diz a associação em comunciado.
31 Agosto 2018, 19h55

Foi confirmada em comunicado a notícia avançada ontem pelo Expresso da criação da Comporta.Utopia – Associação para a Sustentabilidade da Comporta, inspirada por Louis Albert de Broglie (que é parte interessada no concurso de venda dos ativos do Fundo da Herdade da Comporta) e presidida por Pedro Bingre do Amaral. Esta associação diz que “vai constituir-se como stakeholder relevante no processo de venda e, em sequência, no processo de desenvolvimento do que venha a ser construído na Comporta”, lê-se em comunicado.

A associação Comporta.Utopia “está já a promover a recolha de assinaturas para uma Petição Pública que visa obter a atenção do Parlamento e do Senhor Presidente da República, de modo a sustentar uma intervenção dos Órgãos de Soberania no processo, dado estarem em causa neste negócio os mais sérios interesses nacionais numa perspetiva de longo prazo”, diz a organização que pretende intervir na decisão de venda dos ativos do Fundo da Herdade da Comporta.

Esta associação tem “a missão de garantir o respeito pelos valores ecológicos e pelo superior interesse nacional de longo prazo naquele território e ecossistemas”, diz a associação em comunicado.

“A associação já tem um website disponível em www.comportautopia.com onde será disponibilizada toda a informação relevante sobre o processo de venda e sobre a proposta/projeto de Louis Albert de Broglie para a Comporta”, diz o comunicado.

“A finalidade é mobilizar todos os interessados para um conhecimento aprofundado do que existe de singular e especialmente valioso no ecossistema da Comporta e do que significará para o território, para as comunidades locais e para o País vender a Comporta a cada um dos concorrentes identificados, tendo em conta que está autorizada uma alta densidade de construção (650.000 metros quadrados) e que, ao que tudo indica, alguns dos concorrentes apostam em explorar a totalidade da densidade permitida”, lança a nova associação inspirada por um dos concorrentes.

“A associação Comporta.Utopia entende que, se a venda da Comporta se realizar sem as exigências e salvaguardas adequadas à manutenção das condições de equilíbrio e autenticidade do ecossistema do território, é previsível a destruição do extenso e valioso património ecológico da região, integrante de três reservas naturais, criando-se uma situação irreversível de degradação e perda de valor nacional apenas com o objetivo de servir os interesses da especulação imobiliária internacional”, lê-se no comunicado.

O novo processo de venda dos ativos do Fundo da Herdade da Comporta está em curso e há pelo menos dois potenciais compradores confirmados: O consórcio Amorim Luxury/Vanguard Properties/Port Noir e Louis-Albert de Broglie que lidera um consórcio que tem a participação da Global Asset Capital e do grupo Bonmont.

A Springwater Capital já se mostrou interessada em analisar os ativos.

As propostas vinculativas têm de ser entregues à Deloitte em envelope fechado e na presença de um notário no próximo dia 20 de setembro.

Recorde-se que o que está à venda na Herdade da Comporta são os ativos do Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (FEIIF), criado em 2013, que eram detidos pelo Grupo Espírito Santo (GES). O Fundo, gerido pela Gesfimo — Espírito Santo Irmãos, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, é detido na maioria pela Rioforte (59%), sociedade do antigo GES, tendo o Novo Banco uma participação de cerca de 15%.

O Fundo foi criado há cerca de cinco anos, com o objetivo de arrancar com dois projetos turísticos — Comporta Links e Comporta Dunes. São estes os ativos imobiliários que estão à venda.

O Comporta Links inclui uma área com 365 hectares, no concelho de Alcácer do Sal, onde iriam ser construídos dois hotéis, dois aparthotéis, lotes para moradias, várias unidades de aldeamento turístico e um campo de golfe com 18 buracos.

Por sua vez, o Comporta Dunes, em Grândola, visava incluir, numa área de 551 hectares de pinhal e perto da praia: quatro hotéis (um em fase de construção – o Hotel Aman, que parou com a falência do GES), um aparthotel, vários lotes para moradias, unidades turísticas e um campo de golfe (de 18 buracos) com 100 hectares desenhado por David McLay Kidd, um dos mais conceituados arquitetos do mundo (já em fase de construção)”.

Por último, o “pacote” inclui ainda alguns “lotes de terrenos não edificáveis, rurais e de floresta”, inseridos no Comporta Dunes, numa área de 460 hectares, somados a uma participação de 50% no capital social e direitos de voto da sociedade DCR&HDC Developments — Atividades Imobiliárias, sociedade detida pelo fundo da Comporta que desenvolve atividade imobiliária.

(atualizada)

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