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Fusão Fiat-PSA. Nova empresa quer desafiar status quo da mobilidade

Complementares em geografias e tecnologias, as duas empresas são “saudáveis” pois apresentam lucros nas respetivas localizações geográficas, com a FCA a dominar os Estados Unidos e Itália, e a PSA a atuar na Europa com os novos modelos automóveis.
  • Carlos Tavares e Mike Manley
19 Dezembro 2019, 10h25

A fusão entre os fabricantes Fiat Chrysler Automobiles e o grupo PSA Peugeot, anunciada de forma oficial na quarta-feira, 18 de dezembro, vai criar um gigante automóvel com um valor de 46 mil milhões de euros, tornando-se assim o quarto maior fabricante de automóveis a nível mundial.

Após as notícias terem enchido a imprensa internacional e a nacional, pelo facto do português Carlos Tavares liderar a empresa que surgirá desta fusão e cujo nome ainda não é conhecido, chegou a altura dos CEO das duas empresas explicarem o que vai resultar desta união há muito falada e responderem às questões colocadas por jornalistas e curiosos.

A introdução esteve a cargo de Carlos Tavares, que lidera a PSA e vai agora para o recém-gigante, que sustentou estar orgulhoso de realizar o anúncio que introduzia uma nova modalidade. “Este é o resultado de um trabalho conjunto”, afirmou o português, garantindo que a nova empresa “planeia ser o líder para a nova era da mobilidade sustentável”.

Complementares em geografias e tecnologias, as duas empresas são “saudáveis” pois apresentam lucros nas respetivas localizações geográficas, com a FCA a dominar os Estados Unidos e Itália, e a PSA a atuar na Europa com os novos modelos automóveis. “As empresas entendem que para enfrentar desafios, estão melhores juntas do que separadas”, garantiu Carlos Tavares na sua intervenção.

Apesar de John Elkann, atual presidente da FCA, ir presidir ao Conselho de Administração da nova empresa, Mike Manley, diretor-executivo da FCA, respondeu às questões e reiterou a “confiança e entusiasmo” previamente transmitidos pelo português, ainda que reconheça os desafios que têm de enfrentar.

Os custos com a mobilidade atual, onde os clientes já exigem que seja “segura, limpa e acessível”, e o desafio do CO2 são as “forças combinadas que vão dar mais potencial e capacidade para que estas soluções cheguem aos cidadãos e aos mercados”, querendo estar em linha com o acordado no ‘Green Deal’ europeu de Ursula von der Leyen. A ideia do quarto maior fabricante é transformar a teoria da “consolidação da indústria inteligente” em prática

Com o objetivo de liderar a inovação automóvel, os representantes dos dois fabricantes afirmam que se vão apoiar na herança existente entre os dois, uma vez que foram criados antes de 1900. Assim, além da herança rica em conhecimento automóvel, os dois pretendem competir em todos os segmentos, indo do luxo aos camiões.

Os líderes das duas empresas assumem o gosto por desafios e sustentam que a empresa que será criada “vai desafiar o status quo“. Carlos Tavares voltou a referir que o plano de poupança de custos está em ordem mas que isso não significa o encerramento de postos de trabalho, sendo estes uma das preocupações dos trabalhadores.

Considerando as questões colocadas aos dois diretores-executivos, Tavares e Manley sustentaram que os principais focos estão na condução autónoma, na conetividade dos veículos com o apoio da ‘internet das coisas’ e no desenvolvimento de uma plataforma única para os veículos elétricos. Ainda que a Peugeot comece a deter alguns veículos elétricos, as marcas detidas pela Fiat Chrysler ainda estão atrasadas neste passo.

Olhando para as bolsas onde as empresas trocam valores, denota-se que a PSA encerrou a sessão a ganhar 1,36%, colocando cada ação a valer 22,41 euros. Já a FCA, que troca em Nova Iorque e em Milão, encerrou a sessão europeia no verde com ganhos de 0,04% para 13,604 euros, enquanto em terreno norte-americano a notícia não elevou a empresa na bolsa, com perdas de 0,46%, fazendo com que cada ações seja trocada a 15,26 dólares.

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