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Futuro dos centros comerciais. CBRE não acredita em encerramentos à americana

A CBRE fez uma análise sobre futuro dos centros comerciais em Portugal, utilizando como ponto de partida o encerramento de diversos destes espaços nos Estados Unidos da América.
4 Junho 2018, 13h03

A consultora imobiliária CBRE fez uma análise sobre futuro dos centros comerciais em Portugal, utilizando como ponto de partida o encerramento de diversos destes espaços nos Estados Unidos da América, concluindo que o mercado português é muito diferente do norte-americano e, por isso, não deverá conhecer um processos de encerramentos, nos próximos anos.

Na realidade, atualmente o mercado nacional revela exatamente o contrário. Em 2017, as vendas nos centros comerciais registaram um acréscimo de 8,4% e o número de visitantes (“footfall”) aumentou 0,5%, após três anos de queda.

Paralelamente, o mercado de investimento em centros comerciais está mais ativo que nunca. Só no primeiro trimestre de 2018 foram transacionados quatro centros comerciais num valor acumulado de 673 milhões de euros e encontram-se atualmente em comercialização outros dez centros comerciais. O ano de 2018 irá certamente registar o maior volume de investimento no formato de centros comerciais alguma vez observado em Portugal.

No entanto, para a consultora, já não restam quaisquer dúvidas de que o sector vive uma fase de grande transformação, devida sobretudo ao crescimento do comércio eletrónico, mas também de uma mudança radical de mentalidade e de vivência.

Assim, é inevitável a adaptação dos centros comerciais já estabelecidos a um novo estilo de vida, podendo afirmar-se, que os centros comerciais, tal como os conhecemos nos últimos 30 anos em Portugal, vão acabar, dando lugar a uma nova geração de centros. É também certo, que os centros comerciais que não acompanharem rapidamente esta mudança, estão condenados ao encerramento.

Segundo Cristina Arouca, Diretora do Departamento de Research da CBRE, “este cenário (norte americano) tem levantado algumas questões sobre se esta tendência poderá vir a afetar o mercado europeu e, no nosso caso, o mercado português. Certo é que as caraterísticas e a situação do comércio nos Estados Unidos são bastante diferentes daquelas verificadas no nosso país, já que o grau do excesso de oferta, da obsolescência do stock e da penetração do comércio online em Portugal é muito menor do que nos Estados Unidos. Contudo, haverá desafios.”

O estudo da CBRE indica que na Europa a densidade comercial (incluindo todos os formatos de retalho e lojas de rua) é em média de 1,2 m2/ habitante, enquanto que nos Estados Unidos, é quatro vezes superior. Note-se que em meados dos anos 90, já em fase madura, o mercado de centros comerciais nos EUA conseguiu crescer ainda assim 23%. Atualmente, as suas vendas representam cerca de 50% do total de vendas a retalho, enquanto que em Portugal é de aproximadamente de 20%.

Rápido crescimento do comércio online
As vendas online têm também tido um impacto significante no comércio a retalho. De acordo com a Euromonitor, este tipo de comércio representou 23% das vendas de comércio em 2017 nos Estados Unidos, sendo este o segundo país, após o Reino Unido, no ranking com maior representatividade do comércio online. Além de elevados, os dados indicam um crescimento médio anual de 17% nos últimos 5 anos. No caso de Portugal, o comércio eletrónico está a crescer a um ritmo mais lento (14% média anual 2012-2017), representando apenas 5% das vendas do comércio a retalho. Em consequência, nos Estados Unidos, o impacto do comércio online nas lojas físicas é já significativamente visível.

Cristina Arouca salienta que “Não há dúvida de que o comércio eletrónico é uma força disruptiva que obriga a mudar o chip para manter a competitividade. A internet torna extremamente conveniente a compra a partir de casa ou do local de trabalho e vai ser cada vez mais difícil convencer os consumidores a deslocarem-se aos centros comerciais. A este respeito, a digitalização a experiência de compra e no centro e os serviços de conveniência são chaves para o futuro do sector.”

Muitos centros comerciais, irão gradualmente introduzir outras alternativas que não puro retalho. Para além de ofertas de lazer e restauração, os centros incorporam cada vez mais um leque de equipamentos de conveniência tais como serviços de saúde, serviços públicos ou espaços de co-working. Os centros tornam-se assim mais sociais.

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