Galiza teme “dupla perda” com reestruturação das dívidas da regiões autonómicas de Espanha

O Governo espanhol está a ponderar avançar com uma “reestruturação” da volumosa dívida das regiões autonómicas do país, mas a proposta não está a agradar ao Governo da Galiza. Os galegos temem que a medida resulte num “duplo perda” para a região e temem que esta compensação que o Executivo de Mariano Rajoy quer dar, vá favorecer apenas as regiões mais endividadas.

Segundo o jornal espanhol “La Voz de Galicia”, a proposta de reestruturar a dívida das regiões autonómicas de Espanha pretende servir de compensação pelos erros no modelo de financiamento regional até agora em vigor. A medida foi apresentada pelo ministro das Finanças espanhol, Cristóbal Montoro, e recebeu vários aplausos entre as comunidades mais endividadas, como a Catalunha, Valência e Andaluzia. Mas do lado da Galiza, a reação foi outra.

O secretário geral do Partido Popular (PP) galego, Miguel Tellado, considera que a proposta de Cristóbal Montoro pode vir a trazer um “duplo prejuízo” para a comunidade, tendo em conta que a Galiza é uma das regiões menos endividadas. Miguel Tellado teme que Madrid se esqueça dos sacrifícios assumidos pelo povo galego para conter o défice e estabilizar as finanças da região.

“A Galiza não pode permanecer em silêncio diante do risco de sofrer uma dupla perda”, afirmou Miguel  Tellado, salientando que os Governo autonómicos que mantiveram um “comportamento responsável” com o saldo das finanças públicas podem vir a ter as suas “reais necessidades” não atendidas na negociação do novo modelo de financiamento.

A Catalunha é a região mais endividada de Espanha, com mais de 53.005 milhões de euros de dívida, de acordo com dados do Banco de Portugal. Segue-se a Comunidade Valenciana, com 35.827 milhões de dívida e a Andaluzia, com 24.263 milhões. A Galiza, que é a quinta região mais populosa do país, ocupa a oitava posição no ranking da dívida ao Estado espanhol. A comunidade deve 4.714 milhões de euros, pelo que os galegos temem ser menos beneficiados com a remoção da dívida em relação às restantes 16 regiões autonómicas de Espanha.