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Gato Preto contrata três empresas de tecnologia para se tornar omnicanal

Salesforce, Talkdesk e Fullsix estão a apoiar a empresa portuguesa, adquirida em plena pandemia, no processo de digitalização. Para pagamentos faseados na loja online, recorre à Klarna e Oney. “Somos uma marca atual contemporânea e achamos que podemos ir mais além de Portugal, Espanha e França”, diz ao Jornal Económico a CEO da Gato Preto, Carolina Afonso.
5 Junho 2023, 07h30

A empresa foi adquirida pelo grupo Aquinos em 2020. O que é que mudou após a aquisição?

Há um balanço ainda muito marcado pelas consequências que a pandemia trouxe. No nosso caso, a transformação digital, apesar de já estar mapeada como estratégica, acabou por beneficiar da pandemia na medida em que acelerou todos os projetos que estavam em curso. De repente, tivemos de fazer acontecer uma série de projetos, até porque todas as nossas lojas estavam fechadas e havia apenas uma porta aberta para o Gato Preto que era no digital. Isso fez com que tivéssemos de montar todo o teatro de operações no e-commerce.

Mas já era possível comprar online no Gato Preto…

Pode-se dizer que antes havia um site, mas não havia uma loja. Hoje é possível ter uma experiência online. Portanto, marcou a viragem, o pós-aquisição. Segundo, foi a mudança no branding. Ou seja, já não somos “A Loja do Gato Preto”. Passar a “Gato Preto” significou assumir um posicionamento diferenciado, ter uma assinatura, “Living Spaces”, que marca a transição para uma era mais atualizada. É uma postura mais lifestyle, assente na ideia de que os espaços, nomeadamente da casa, são para ser vividos. A decoração é a extensão da própria identidade do cliente.

Porquê esta aposta na tecnologia? Quanto é que já investiram desde a pandemia?

Tenho noção de quanto investimos, mas não lhe posso revelar. A marketing cloud da Salesforce permite-nos comunicar com o cliente de forma personalizada e em escala. Podemos criar as jornadas do cliente. Por exemplo, para um carrinho abandonado – de clientes que vão ao nosso site, colocam os produtos no carrinho, e não convertem – é possível, através de tecnologia, despoletar reminders [lembretes] e lembrar o cliente de concretizar a sua compra. O nosso objetivo é sermos cada vez mais uma marca omnicanal, para que o cliente possa fazer uma devolução em qualquer canal ou, se contactar a marca, obter a mesma resposta independentemente do canal em que o fez.

As soluções de “leve agora pague depois” (BNPL – Buy Now Pay Later) que têm no site estão a ter adesão e resultados?

Temos acordo com a Credibom em loja e Klarna e Oney online. Poder pagar de forma faseada é uma solução que, cada vez mais, os clientes valorizam. Tem muita adesão, porque os processos estão simplificados. É um novo método de pagamento. O que acontecia antigamente, antes destes players, era que fazer um crédito era um processo moroso, burocrático, que requeria uma série de papéis e assinaturas. Não era algo rápido. Fazer de forma simples, obviamente, acaba por ter um impulso nas vendas, sobretudo quando o ticket médio é mais elevado, o que acontece nomeadamente no mobiliário. Se queremos crescer na venda de sofás estes complementos criam valor.

Lançaram-se no metaverso no ano passado, com gatos colecionáveis. Farão mais iniciativas do género ou com NFT (Non Fungible Token)?

Foi um bocadinho a nossa curiosidade aliada à vontade de querer agarrar o momento. Foi uma experiência. Não é propriamente um best-seller. De alguma maneira, os gatos arriscam. Achámos que deveríamos arriscar e ser arrojados.

Como mencionou, eram “A Loja do Gato Preto” e tornaram-se “Gato Preto”. A mudança no nome teve que ver com a expansão internacional, nomeadamente em Espanha?

Loja em espanhol é tienda. Para os espanhóis, a Loja do Gato Preto não lhes diz nada. Muitos chamam à Gato Preto “La Loja”, apesar de estarmos em Espanha há mais de 20 anos. Foi uma simplificação. Em Portugal, as pessoas referiam-se ao Gato Preto só como Gato Preto. Temos [a expansão internacional] no plano. Está tudo a ser estudado. Não lhe posso dar nenhum indicador sobre qual é o próximo passo. O que achamos é que podemos ir mais além de Portugal, Espanha e França. Somos uma marca atual contemporânea. Se formos ao site do gato preto, percebemos que podíamos estar a comprar numa marca americana, brasileira ou britânica, portanto, não há nada que nos faça ficar aquém dos grandes players globais.

Em setembro completa um ano como CEO da empresa. Está de pedra e cal nesta gestão?

Eu venho da área de marketing, onde há paixão. É preciso aliar o lado racional ao lado emocional e perceber que uma marca vive disto. Estou muito empenhada em construir alicerces sólidos na perspetiva da rentabilidade do negócio e de construção da marca, acreditando que tem pernas para andar no cenário global. Estou comprometida com o projeto.

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