A Gazprom suspendeu o fornecimento de gás natural à Letónia, tal como havia feito anteriormente a vários países da Europa Central e do Leste. Desta forma, o governo de Moscovo – que em ´´ultima análise manda na companhia energética – tenta aumentar a pressão sobre os países europeus que em larga escala dependem dos fornecimentos russos.
À medida que o inverno se vai aproximando, a Rússia tem insistido na limitação dos fornecimentos de gás, como forma de retaliação sobre as sanções impostas pela União Europeia.
No caso dos países do Báltico, o problema agrava-se ainda mais por causa da pressão que o enclave de Kaliningrado exerce sobre as relações dos três países com a Rússia – Estado que integraram por várias décadas.
O lado europeu têm-se multiplicado na procura de alternativas, mas os esforços de vários países ‘esbarram’ sempre no mesmo problema: a logística. É que o gás russo chega à Europa por via dos diversos gasodutos que foram construídos ao longo dos anos. Mas não há uma rede de gasodutos a ligar nenhuma outra região do mundo.
Neste particular – e numa altura em que ninguém antevia o fim da paz na Europa – a União Europeia ainda esboçou a tentativa de construir uma infraestrutura do género entre os 27 (possivelmente na Grécia) e Israel, depois de o Estado hebraico ter descoberto importantes reservas no Mediterrâneo Ocidental. Mas, o custo da construção e a pouca pressão de mercado implicaram que o plano fosse metido na gaveta.
Agora, há quem defenda na União que esse plano deve ser rapidamente recuperado. Mas os custos só aumentaram e ainda não há nada de definitivo sobre a matéria. Enquanto isso, o gás viaja demorada e custosamente pelos oceanos dentro de recipientes próprios instalados em barcos.
Sabendo destas dificuldades, a Rússia usa cada vez mais as torneiras do gás como um instrumento de guerra – o que era de esperar: afinal, o gás é russo e as dificuldades dos seus clientes são outra coisa.
Entretanto, a meta de redução do consumo de gás em 15% até à primavera, acordada esta semana pelos Estados-membros da União Europeia, “só se tornará vinculativa se a situação se deteriorar e se a Rússia fechar a torneira completamente”, diz é a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista ao Diário de Notícias.
Na entrevista, a presidente da Comissão Europeia descreve a meta acordada pelos países da UE como “um avanço positivo” e “um passo decisivo para fazer face à ameaça de Putin de um corte total no fornecimento de gás”. E insiste: “Só no caso de um corte total do gás russo e de uma grave deterioração da situação é que a meta se tornaria vinculativa, com base numa decisão conjunta dos Estados-membros“.