Um general na reforma das forças muçulmanas da Bósnia-Herzegovina foi condenado esta quinta-feira a oito anos de prisão efetiva por crimes de guerra cometidos por jihadistas estrangeiros durante o conflito interétnico na década de 1990.
Sakib Mahmuljin, 69 anos, foi associado a este caso na qualidade de responsável hierárquico, designadamente na execução de mais de 50 prisioneiros de guerra sérvios na região de Vozuca e Zavidovici, nordeste do país.
Em 2010, o antigo oficial foi condenado a dez anos de prisão em primeira instância, e já não pode recorrer desta sentença.
No decurso da guerra civil na Bósnia-Herzegovina (1992-1995), Mahmuljin comandava o 3º corpo da Armija, o exército governamental bósnio, integrado essencialmente por bosníacos (muçulmanos).
A unidade El Mudjahid, responsável por estes crimes e incorporada no seu 3º corpo, era constituída por centenas de jihadistas, na larga maioria estrangeiros, provenientes de países africanos, do Médio Oriente, Afeganistão e mesmo de alguns países ocidentais, e que se juntaram às forças muçulmanas da Bósnia-Herzegovina.
Sakib Mahmuljin foi reconhecido culpado por um tribunal de recurso de Sarajevo por “crimes de guerra contra pessoas feridas e doentes”, e “contra prisioneiros de guerra”, designadamente por “mortes” e “tratamento desumano”, anunciou este tribunal.
Na sua qualidade de comandante, “fracassou em impedir” que estes crimes fossem cometidos, e também “sabia ou tinha todos os motivos de saber” que os membros desta unidade militar se preparavam para cometer esses crimes.
Esta foi uma das raras condenações de antigos altos responsáveis das forças bosníacas por crimes cometidos por jihadistas estrangeiros durante um conflito que provocou cerca de 100.000 mortos e mais de dois milhões de deslocados e refugiados entre 1992 e 1995.
Segundo o procurador, as exações decorreram entre julho e outubro de 1995, na sequência de duas ofensivas das forças bosníacas, em particular após a detenção, em 11 de setembro de 1995, de 63 soldados das forças sérvias bósnias e de três civis.
A unidade El Mudjahid adquiriu uma sinistra reputação devido aos crimes de guerra cometidos contra os prisioneiros de guerra sérvios ou croatas da Bósnia-Herzegovina.
A maioria dos combatentes islamistas abandonaram o país após a guerra na sequência do acordo de paz de Dayton de finais de 1995, negociado nos Estados Unidos e que pôs termo ao conflito.