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Gestão das empresas familiares portuguesas é proativa e pouco propensa à inovação

Estudo da KPMG conclui ainda que a proatividade dos CEO das empresas familiares portuguesas é elevada, pois 60% refere que tem níveis elevados e 33% níveis médios. Já a propensão para a inovação é média (48%) ou baixa (43%).
4 Julho 2022, 14h44

A edição de 2022 do Barómetro Global das Empresas Familiares da KPMG procura analisar em detalhe o “segredo” por trás da longevidade e da capacidade em continuar a crescer com sucesso, década após década, e de geração em geração, das empresas familiares.

Cerca de 2.500 empresas familiares, a nível internacional, distribuídas por 70 países, participaram no barómetro anual realizado pela KPMG Private Enterprise e em conjunto com o STEP Project Global Consortium.

O barómetro revela que o desempenho das empresas familiares pode ser atribuído a vários fatores, nomeadamente às características e às competências da liderança das novas gerações menos avessas ao risco do que os seus antecessores.

Vitor da Cunha Ribeirinho, CEO e Chairman da KPMG Portugal,  refere em comunicado, que “de acordo com as conclusões do barómetro, quando o espírito empreendedor e o vínculo emocional à empresa são elevados, todos os outros elementos do desempenho da empresa funcionam de maneira exemplar”.

“Embora a fórmula do sucesso das empresas familiares seja baseada nas características singulares deste tipo de empresas, também há muitas lições para empresas não familiares que poderão ser aprendidas. Quando o empenho e o trabalho são de excelência, e quando adoptamos uma visão holística de estratégia e de desempenho e atribuímos igual importância ao negócio, aos colaboradores e à componente social, existe claramente uma maior probabilidade de sucesso”, refere o responsável pela consultora.

Entre os fatores de sucesso ao nível das novas gerações encontra-se o aumento da diversidade de experiências, nomeadamente noutras organizações, antes de ingressar ou retornar à empresa familiar, bem como através de investimento de pequenas parcelas do capital familiar, que contribuam para um ganho de experiência nomeadamente na gestão de risco, conclui a KPMG.

De acordo com as empresas familiares inquiridas no estudo, esta abordagem contribui, a longo prazo, para um melhor desempenho.

Designado por “O poder regenerativo das empresas familiares”, este barómetro ilustra os fatores que compõem a fórmula do sucesso e da capacidade de regeneração contínua das empresas familiares. A saber, um forte espírito empreendedor associado a um elevado controlo e influência da família.

“Os potenciais sucessores da próxima geração das empresas familiares querem aprender a assumir riscos calculados, situação que se enquadra num dos elementos-chave nos quais assenta o sucesso das empresas familiares: o espírito empreendedor”, diz o barómetro da KPMG que revela os principais fatores que potenciam a capacidade de regeneração das empresas familiares

A saber, o espírito empreendedor – “este é um fator único e essencial para a inovação e para o crescimento que passa de geração em geração. A importância de manter o espírito empreendedor do fundador é uma das principais razões que mantém viva a atitude inovadora”.

Depois a riqueza socio-emocional. “O controlo e a influência que a família exerce permitem uma tomada de decisão rápida, e a sua riqueza socio-emocional é vista como uma mais-valia essencial, que a família valoriza e protege. Para muitos dos inquiridos, esta é uma medida de performance além da riqueza financeira e que é difícil de replicar em empresas não familiares”.

A liderança motivacional é outro fator. “O empreendedorismo e a riqueza socio-emocional caminham lado a lado enquanto qualidades competitivas, reforçadas ainda mais, pelo impacto que um líder transformacional e carismático gera”.

O barómetro revela três tipos de perfis de desempenho das empresas familiares, desde as empresas com melhor desempenho, até às empresas com desempenho inferior — destacando os fatores que contribuem para a sua capacidade de regeneração e para o seu desempenho financeiro, familiar e social, de geração em geração.

Os principais aspectos identificados nesta análise, são o perfil empreendedor e de orientação diversificada contribuem para um desempenho elevado. “Empresas familiares com elevado nível de empreendedorismo, diversidade e um estilo de liderança carismático apresentam um desempenho financeiro e não financeiro (capital social, ligação emocional, etc.) superior às restantes”, conclui a KPMG.

“O compromisso com a inovação e a existência de fortes ligações emocionais também são características identificadas nas empresas com melhor desempenho” é outro aspecto.

O estilo de liderança transformacional – onde os líderes mudam os valores básicos, as crenças e as atitudes num esforço concertado para motivar os seus “seguidores” a fazer mais e a superar as expectativas – foi a preferência global dos CEOs de empresas familiares em todas as regiões inquiridas, seguido pelo estilo de liderança carismático, revela o barómetro.

“A liderança motivacional pode ajudar a impulsionar mais progresso”, diz a KPMG. Este estudo descobriu que a liderança motivacional pode ser recompensada com um bom progresso financeiro, social e ambiental, além de ajudar a construir e a promover a lealdade familiar e a identificação o propósito do negócio.

Outras conclusões do estudo são relativas à proatividade dos CEOs das empresas familiares portuguesas que é elevada, pois 60% refere que tem níveis elevados de proatividade e 33% tem níveis médios. Já a propensão para a inovação é média (48%) ou baixa (43%).

Cerca de metade das empresas familiares portuguesas inquiridas têm atualmente envolvidas na gestão da empresa várias gerações, ao passo que a outra metade tem apenas uma geração envolvida na gestão da empresa. Também 50% dos participantes afirma que a empresa está atualmente a ser gerida pela segunda geração da família, e 25% refere que está ainda na primeira geração.

O nível de identificação com o propósito da empresa, é médio para 43% dos participantes nacionais, é de 33% comparativamente aos CEOs europeus, e é elevado para 22% das empresas portuguesas e 35% para os CEOs europeus.

Já o vínculo emocional dos CEOs com a empresa, é médio para 41% dos participantes nacionais, e de 34% comparativamente aos CEOs europeus. O nível de vínculo emocional é alto para 14% dos líderes portugueses, e para 27% dos líderes europeus.

Ao todo, 63% dos participantes nacionais operam no sector de actividade de Serviços, e 26% é do sector Industrial. Os restantes 11% pertencem aos sectores de Construção e Agricultura.

As empresas familiares portuguesas e europeias são mais conservadoras – é uma das várias conclusões do recente estudo da KPMG –, pois apenas 28% das inquiridas nacionais e 25% das europeias assumem ter um nível elevado de risco; e apenas 31% das empresas em Portugal admitem que o seu nível de risco é médio, comparativamente aos 34% dos líderes europeus. Por oposição, 41% (número igual para os CEOs portugueses e europeus) diz que nos negócios aplica um nível de risco reduzido.

As empresas familiares portuguesas detêm em média 93% de ações do negócio familiar, número muito semelhante à percentagem de empresas europeias, de 92% em média, e essas ações são detidas por 4,68 pessoas da família. Das cerca de 60 empresas nacionais questionadas, 95% têm CEOs do sexo masculino, comparativamente às europeias, com 82% de CEOs masculinos.

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