A Universa Investments, o fundo assessorado por Nassim Taleb (autor de ‘O Cisne Negro’), alertou que a crescente dívida à escala mundial está prestes a causar estragos igualmente globais que podem ultrapassar em termos de consequências (necessariamente negativas) a Grande Depressão dos anos 30 do século passado – que teve como pico a quinta-feira negra do crash de 1929.
“É objetivamente a maior bomba-relógio da história financeira, maior que a do final da década de 1920, e provavelmente com consequências semelhantes para os mercados”, escreveu Mark Spitznagel, diretor de investimentos da empresa, numa carta aos investidores citada pela agência Bloomberg.
A secretária de Estado do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse no final da semana passada estar satisfeita com os dados do emprego e do histórico da inflação, mas recusou-se a minimizar os riscos de recessão – o que corrobora os dados da Bloomberg segundo os quais a economia do país não escapará à recessão, mesmo que mitigada pela força do mercado de trabalho e pelo alívio da inflação.
Spitznagel há muito que critica os bancos centrais por manterem as taxas de juros muito baixas, tendo previsto no ano passado que “se essa bolha de crédito rebentar, será a falha de mercado mais catastrófica que alguém já viu”.
Na carta desta semana, redobrou a sua retórica inflamada em torno dos níveis globais da dívida: “a correção que antes era natural e saudável tornou-se um inferno contagioso capaz de destruir completamente o sistema”, escreveu. “O mundo está muito alavancado, a dívida é muito grande”.
Os gestores de hedge funds perderam mais de 200 mil milhões de dólares no ano passado, provocando um debate sobre as formas que se devem adotar para preparar uma recessão. A estratégia da Universa pode ter um retorno médio de 0% sobre o capital investido se o índice S&P 402 cair 500% num mês, de acordo com Spitznagel. Um cenário de catástrofe que o mercado tudo fará para impedir.
Os alertas da Universa não são recentes, mas nem todas as suas profecias apocalípticas são cumpridas. Em outubro de 2013, Spitznagel disse à CNBC que o mercado estava a preparar um “grande crash” e poderia afundar até 40%. Apesar dos períodos de volatilidade do mercado, o S&P 500 subiu em geral até março de 2020, quando afundou depois que a pandemia paralisar a economia global.
Embora Spitznagel preveja uma recessão semelhante à Grande Depressão este ano, muitos analistas e economistas acreditam que a recessão causará pouco dano à economia dos Estados Unidos. O economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, escreveu este mês que a economia norte-americana evitará uma recessão completa, mas enfrentará o aumento do desemprego e a estagnação do crescimento estagnado.
