Os grandes vencedores da pandemia nas vendas ao consumidor de produtos tecnológicos foram os bens relacionados com o trabalho remoto e aulas à distância, aponta a GfK. A conclusão foi apresentada na sua avaliação do impacto do confinamento no consumidor e no mercado de bens tecnológicos em Portugal, onde a consultora apontou ainda para a afirmação dos canais não presenciais nas vendas e apoio ao consumidor.
Para a GfK, a casa passou a desempenhar um papel central na vida de grande parte dos consumidores, dadas as restrições à circulação, o que alterou o seu padrão de consumo. Assim, os equipamentos ligados à casa ganham uma nova relevância e acabam por até beneficiar da situação pandémica, nomeadamente a compra de computadores e acessórios durante o confinamento ou de colchões no pós-confinamento.
Ainda assim, se a categoria de ‘descanso’, onde se incluem os colchões, cresce pela junção de maior preocupação com o conforto no lar e o acréscimo forçado de poupança que causou a pandemia, a compra de computadores acima da média europeia revela que, num período pré-Covid, Portugal teria um défice de equipamentos do género, pelo que houve uma necessidade de atualização que não se verificou noutros países.
Dividindo a análise em setores ligados ao mercado tecnológico, a GfK constata que os eletrodomésticos, curiosamente, experienciaram um incremento durante no período imediatamente a seguir ao confinamento, com os grandes eletrodomésticos a registarem um crescimento das vendas de mais de 20% desde maio e os pequenos a verificarem 25%.
Também as telecomunicações sofreram com o confinamento, passando de crescimentos de 14% antes do início da pandemia para quedas de mais de 20% durante o confinamento. Depois do levantamento das restrições à circulação, o mercado recuperou ligeiramente até aos níveis mensais verificados no ano anterior.
Dentro dos bens que constituem esta categoria, os telemóveis, que constituíam mais de metade do setor, perderam 10% de relevância no volume total de vendas. Já equipamentos como headsets cresceram 44%, revelando a importância acrescida do material para trabalhar em casa.
Examinando setores com menos intensidade tecnológica, a consultora constata que o gaming e os brinquedos foram os que melhor se comportaram durante o confinamento, ao registarem aumentos homólogos de 35% e 7%, respetivamente. Ainda assim, se os brinquedos mantiveram a trajetória no pós-confinamento, as vendas de bens como consolas caíram 5% no pós-confinamento, comparando com igual período de 2019.
Nestes ramos, os que sofreram mais com a pandemia foram o descanso e os livros, dois tipos de bens para os quais os consumidores continuam a privilegiar os canais de compra presenciais.
A GfK destaca ainda a importância do período de Natal para grande parte dos comerciantes portugueses, sendo que este ano a performance neste período estará muito dependente dos resultados na Black Friday. A consultora projeta alguma confiança para esta altura promocional, prevendo que esta ganhe relevância para os consumidores pelo alargamento do período em que se realiza e pela diminuição de outras campanhas promocionais.
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